Não, não há um fio condutor nos dias que são percorridos por horas, por vezes, infindas.
São dias. Uns seguidos de outros. Uns bonitos, outros nem tanto. Todos diferentes.
Não, não há um caminho que traces e consigas seguir em linha recta.
Há sempre uma curva, uma pedra, um contratempo e quase nunca corre vomo planeado.
Então, para quê planear?
Então, para quê pensar no dia de hoje e no de amanhã?
No de ontem não vale mesmo nada: já tudo foi, aconteceu, passou é irreparável. Pode ser remediável, como um remendo na nossa peça de roupa preferida. Mas que não deixa de ser, de existir, de lá estar. A estragar.
Às vezes não estraga, às vezes torna-os, aos momentos e às horas, apenas únicas.
Não, não há um fio condutor.
Excepto a certeza de que as horas se seguem uma atrás da outra.
Excepto a certeza de que os eventos irão sempre existir e acontecer, planeados ou não.
Excepto a certeza de que não há certeza.
Não. Há sempre um fio condutor.
Olhar para trás e ver que, apesar de tudo, de todos o planos (in)concluídos, de todos os amores (in)correspondidos, de todos os medos e receios, a vida continua.
Sempre.
Dia após dia.
E que sempre, sempre, de alguma forma, a nossa dor se alívia.
Eu acho que é Amor.
Sim, o fio condutor é o Amor. Não os planos, os projectos, os desejos...
É o Amor. É o único sentimento que nos faz levantar depois de cair, perdoar depois de magoados, acreditar depois de enganados, aceitar depois de rejeitados. Há quem diga que há outros nomes para isto... Talvez. Mas sem Amor, o verdadeiro Amor por nós, como seres falhos que somos, não há próximo dia e toda e qualquer desventura ou alegria.
Sim, há um fio condutor que nos faz acreditar que vale a pena viver: o Amor. Em todas e qualquer uma das suas formas.
Cat.
2020.09.16