Achamos que somos capazes de tudo. Ou melhor, de ultrapassar tudo. Todas as dores, todas as perdas, todas as desilusões.
Mas não. Não conseguimos.
Ficam marcadas em nós, para sempre, mesmo que num cantinho escondido da nossa memória. São como as pequenas rugas no rosto, que se vão instalando, ao longo do tempo, subtilmente.
Quando damos por nós, há uma infinidade delas, gravadas na pele e no coração.
Achamos que somos capazes de ultrapassar tudo.
Mas na memória, no coração, essas rugas vão mais fundo, tornando-se sulcos por onde se sangra, cada vez mais fundos, cada vez mais transbordantes e o coração, a alma, a mente não aguenta mais. E chora. Lágrimas caiem no rosto pelas rugas do tempo, cada vez mais fundas também.
Achamos que ultrapassamos tudo.
Mas guardamos cá dentro. E a verdade é que, na maioria das vezes, não há quem compreenda essas lágrimas, pois são tão profundas e por vezes tão antigas que nem nós as explicámos por falta das palavras certas.
Eu tenho a sorte de ter ao meu lado quem, mesmo não as percebendo porque as debito sem sentido lógico, me ouve. Porque os sentimentos não são lógicos, são um aglomerado, muitas vezes um emaranhado e intrincado novelo com pontas e fios cruzados, sem nexo.
Mas mesmo assim, sem nexo, tem a coragem de ficar ao meu lado, de me tentar compreender, de me ajudar a perceber. De me dar a mão e me guiar no meio desta confusão que é o meu sentir.
E é nestes momentos, em que mais preciso de quem me dê a mão, que a tua presença é constante e o teu abraço mais forte e o teu amor mais se demonstra e me suporta.
Eu tenho a sorte de te ter comigo, de sentir que, contigo a meu lado, as minhas feridas, se vão fechando.
És tu que me dás alento.
És tu que eu quero ao meu lado. Até ao fim dos meus dias, fortalecendo os nossos laços com a coragem desse teu amor.
Porque em mim também há amor. Um amor que também não tem palavras suficientemente eloquentes para definir o que é amar-te.
Cat.
2020.05.22