terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Sem chão

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e sapatos

Caminho sem chão
Feito núvem negra,
Vazia de sensação,
Quase uma regra
De tanta repetição.
Cair, apenas cair,
E saber de antemão
Que não há palavra ou descrição
Com ou sem razão
Para traduzir,
Transmitir,
Este sentir,
Que parece ser em vão
Não importa qual a decisão.
Há que andar,
Para a frente caminhar,
Sem muito pensar,
Deixar os dias passar
Porque não agir,
Apenas seguir
E deixar-se ir,
Nem sempre é fugir,
Às vezes é apenas
A única solução.


Cat.
2019.05.03

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Demasiado, talvez...


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas sentadas, sala de estar, mesa e interiores

Há momentos em que, apesar da companhia, estou sozinha. Não há conversas. Não há troca de palavras, de ideias, de acontecimentos, de vivências.
Há solidão.
Há aquele silêncio que se impõe apesar do burburinho das vozes na televisão.
Há um não haver. Um nada que quase se consegue tocar de tão intensa a sua presença.
E olhas a sala e não estás sozinha. Não te falta companhia.
Mas há silêncio.
Há solidão.
E há a tristeza que te vai invadindo.
A tristeza de não haver nada para contar.
A tristeza de sentires que a tua vida, se calhar, não é vivida como deveria.
A tristeza de sentires que não consegues combater e o silêncio que vai crescendo entre nós...
Há dias em que este silêncio é bem-vindo.
Há outros em que só me agonia. Em que me deixa entregue a um pensar pequeno, em que tudo é pequeno na minha vida, em que, principalmente, eu sou pequena. Em que não consigo surpreender(te). Em que não consigo manter(te) o interesse. Em que não consigo requerer(te) a atenção. Em que não (te) sou suficiente.
Síndrome de Princesa, talvez.
Insegurança, talvez. Medo, talvez.
Apenas por (te) amar. Por (te) querer. Por nunca me cansar. Por nunca ser demais. Demasiado, talvez...

Cat.

2019.04.25

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Escrever

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Um dia vou escrever todos os sonhos que um dia sonhei, todas as aventuras que imaginei, todos os devaneios em que divaguei.

Vou contar todas as cenas por onde passeei, todas as cores que visualizei, todos os sabores com que a minha boca deliciei.

Guardar as minhas memórias, as passagens mais marcantes e as que passaram demasiado fácil.

Acontecimentos que me fizeram chorar, de dor ou alegria, de felicidade ou de saudade, de chegadas ou de partidas.

E de pessoas. Mas sobretudo de ti. Do quanto me fizeste feliz. Do quanto me fizeste rir. Do quanto me abraçaste e beijaste. Do quanto me amaste este corpo e esta Alma. Do quanto comigo partilhaste. Do quanto caminho percorremos e do quanto me apoiaste.

Um dia vou escrever(te) o quanto comigo viveste. Não vá, por qualquer motivo, esquecer(te).


Cat.
2019.04.24

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

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Dias
Ausentes de alegria,
Em que as lágrimas são a companhia,
Em que as saudades são agonia
E apenas há a tua ausência.

Dias
Demorados no seu passar,
Horas longas a arrastar
Um tormento de pesar,
Sem nada para apaziguar.

Dias
Vazios e imperfeitos no seu ser,
Incompletos no ter,
Carregados de sofrer,
Apenas num sobreviver.

Dias
Que ninguém quer sentir,
De onde se quer fugir,
Correndo, chorando, até cair,
Mas sem força para daí sair.

Dias
Sem ti são assim,
Uma demora sem fim,
Que só termina assim:
Quando o teu beijar,
O teu abraçar,
O teu respirar e o teu (me) amar,
Regressam para mim!

Cat.
2019.04.19