terça-feira, 14 de março de 2017

Às vezes



Às vezes pergunto-me porque choro. Porque escorrem grossas e salgadas lágrimas pela minha face.
Se é porque te amo e te sinto a afastar de mim. Cada vez mais longe, cada vez mais fechado em ti, cada vez menos conversador. Mais irritado, mais impaciente, menos compreensivo e tolerante com o meu sarcasmo outrora para ti delirante.

Como se eu fosse a causa da tua frustração.
Como se eu te impeça de viver ou prenda nesta relação.
Como se só de respirar eu mereça a tua reprovação.
O meu corpo já é alvo da tua negação, do teu não tesão. Os beijos já nem sequer fazem parte desta equação.
Se é porque tenho pena de mim.
Desta mulher que para ti já tudo foi e agora nada é.
De admitir que já não sou amada.
As lágrimas, essas escorrem, deste meu pensar, alheadas...



26.09.2016

Sabes-me dizer?



Como se volta a amar, sabes-me dizer?

A sentir o coração descompassado com o aproximar do nosso encontro.
Os olhos sorrirem mais que os lábios e brilharem mais que o sol ao ver-te.
A incontrolável sede de te beijar ininterrupta e loucamente.
O corpo querer-te o toque e a pele arrepiar-se descontroladamente.
O constante pensar-te.
O eterno desejar-te.
A ânsia de contigo estar, de mim apoderar-se.
E os sonhos concretizarem-se e novos surgirem.
Os abraços que tudo curam. As risadas que nos libertam. As horas felizes e as lágrimas partilhadas numa intensidade sentida por igual.
E em mim, nada mudou...
Como fazer para voltares a amar-me, sabes-me dizer?



26.09.2016

Thoughts XXXII




Que a noite me traga o descanso prometido. Que os meus olhos se fechem e a mente pare. Que o meu coração desacelere e o respirar seja um suspiro.
E amanhã que eu seja outra, num novo dia, numa nova vida, com muito mais alegria...




26.09.2016

Talvez não valha a pena



Talvez não valha a pena.

O amor não é tudo e por si só não é suficiente para que se ultrapassem determinados momentos.
Momentos que não nos deixam ser o melhor de nós.
Momentos que não nos permitem ver o melhor do outro.

Talvez seja este o problema: não ver além do imediato. E o imediato toma conta do momento, depois das horas, depois dos dias e já não resta mais que isso. O que o imediato permite que se veja: as críticas, as falhas, as decepções, os defeitos.
E o amor, por muito maior que seja, perde-se com a esperança neste chorrilho de não momentos.
Não momentos... Quando não te vejo com o meu melhor olhar. Quando não te vejo no teu melhor ser.
E não, não és perfeito. Nem eu ou qualquer outro.

Mas no nosso melhor és o meu perfeito. Completo e que me completa.
Mas parece que o amor não é tudo. Por muito maior que seja...


24.09.2016