Preferes ter razão ou ser feliz?
Uma pergunta que sempre me faz pensar pois a resposta não é tão óbvia como pode parecer.
Não, não é.
É por demais evidente que quero ser feliz. Quem não quer?! Utopia dirão uns; não há felicidade continua, só momentânea dirão outros; mas todos a desejamos. Todos ansiamos que faça parte do nosso dia a dia e tantas vezes faz mas estamos tão cegos com a azáfama que nos é imposta que não a vemos, não a sentimos.
Eu quero ser feliz, o mais que puder, o maior tempo possível,sempre. Com as pequenas coisas da vida, com os pequenos gestos que têm para connosco, com a aprendizagem do que é realmente importante. E sim, com o passar dos anos as prioridades alteram-se e o que me faria feliz antes já não é importante hoje.
Preferes ser feliz ou ter razão?
E a resposta balança na mente e deixa-me pensativa.
Já optei por ser feliz e fechar os olhos a algo que me faria ter razão e, instintivamente, escolhi ser feliz.
Uma, duas e outra vez.
E fui. Muito feliz.
Até tudo se repetir.
Há determinados aspectos no quotidiano que me são impossíveis de contornar. Principalmente quando há a obrigatoriedade de ser um exemplo.
O velho ditado popular "olha para o que digo, não para o que faço" não funciona com personalidades em desenvolvimento. Há que ser, verdadeiramente, o exemplo do que achamos correcto e incutimos ou exigimos dos outros.
E é difícil educar.
E é difícil perder hábitos que eram a nossa forma de viver. Que era tudo o que sempre desejamos e éramos felizes assim: sem regras. Chegar a casa era chegar ao paraíso, ao nosso perfeito paraíso.
E a vida muda. E as opções que fazemos mudam essas rotinas sem regras que nos faziam felizes.
E tudo muda. E a responsabilidade de ser responsável pelo desenvolvimento moral de alguém muda tudo.
E há um momento em que dizer, mandar, obrigar não chega. É preciso ser o exemplo. É preciso mudar.
E sim, quero que admitam que tenho razão e que, tal como eu, cresçam e passem das palavras às acções.
Sim, quero que olhem para nós e nos vejam diferentes de tudo o que conheceram até hoje.
Sim, quero que olhem para nós e sintam que, apesar das nossas limitações, das nossas diárias aprendizagens e ajustes, nos vejam como alguém que não os defraudou. Como alguém que exige e cumpre. Como alguém que não usa do poder para exigir apenas e castigar quando não cumprem.
Há um momento na vida de quem criámos que não basta mandar, há que exemplificar.
E por muito que custe mudar, há que o fazer por um bem maior.
E são pequenas coisas do dia a dia que fazem a diferença: partilha de tarefas. E cumprir escrupulosamente as mesmas. Regras básicas que incutem respeito, entreajuda, responsabilidade.
Sim, quero ter razão porque o nosso ser feliz já não funciona nesta nova vida. Tudo mudou e nós não somos só nós, somos educadores, formadores e exemplos.
Preferes ter razão ou ser feliz?
Não há resposta fácil mas sei que não quero ser aquela "mulherzinha asquerosa" de que muitos se queixam.
E neste jogo de cintura que é necessário a mulher fazer, balançamos entre o sr feliz e o ter razão como numa corda bamba, sempre sem saber qual deve prevalecer...
06.Fev.2016