segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Toma-me



Toma-me.
Pela mão e mostra-me o Mundo,
As cores das flores mais exóticas
E os perfumes mais intensos.
Nos teus braços sentir
A certeza de um querer
Que ultrapassa o físico
E chega a tocar a alma.
Deixa-me viajar nas palavras
De histórias que invadem o imaginário
E fazem sonhar.
Viver uma entrega completa,
Única,
Inigualável,
Incompreensível aos olhos de qualquer mortal.
Toma-me.
No teu corpo que me ama,
Me inunda de ti e do que és,
Do teu ser que me completa
E me deixa a certeza plena
Que te pertenço,
Que sou apenas tua.







04.Jan.2016

Definhar

Definhar.
Palavra estranha,
Que na pele se entranha
E dela não sai,
Criando marcas profundas
De um tempo que passa
Numa vida aparente.

Deixar-se absorver pela inércia,
Em que o pensar e o efectivar
São assíncronos.
Querer e não conseguir.
Perder a vontade de avançar,
De recuar,
Apenas deixar-se estar
Quieta,
Imóvel,
Submisso a um esvair
Da vida.
Presa numa rede invisível
Que impede
O grito de sair da garganta,
O sangue de correr nas veias,
O sorriso de se libertar por entre os lábios,
As lágrimas de escorrer pela face
E, assim, morrer lenta e dolorosamente.
Desiludida com os dias que passam,
Incapaz de alterar esse invadir
Das marés de um mar revolto
Pelas águas de um calmo rio adentro.
E receber sem contestar,
Resignar-se a este simples e mero respirar
E (sobre)viver.


04.Jan.2016

domingo, 3 de janeiro de 2016

Envolve-me



Envolve-me.
Com palavras sedutoras
Ao ouvido sussurradas.
Com os teus braços, fortes,
O corpo que te ama.
Molha-me a pele com o frenesim dos teus beijos,
Da tua língua ansiosa por sentir
Os mamilos, de desejo, a endurecer.
Abre-me as pernas,
Beija-me as coxas,
Aperta-me as nádegas,
Antecipa o momento,
Em que voraz,
Ao meu sexo chegarás
E a fome de mim
Do meu gosto,
Do meu sabor,
Do meu mel,
Saciarás.


03.Jan.2016

A balança da vida


O dia há muito que terminou, cedendo o seu domínio à noite fria e húmida de um Inverno um pouco atípico.
Não chove mas o chão brilha competindo com as luzes da rua e das casas de janelas embaciadas pelo calor próprio da vida que as preenchem contrastando com o vazio lá de fora.
Aqui, tudo está morno.
Há vida, mas quase fria. O sangue não corre feroz nas veias, nem os pulmões respiram no seu pleno. Apenas a pele se arrepia de quando em quando, num aviso de que (ainda) há vida.
Sim, há. Uma vida que todos os dias se pesa nos pratos de uma balança.
O bom e o menos bom.
O óptimo e o péssimo.
As lágrimas e os sorrisos.
Os sonhos e as realidades.
Os passados e os futuros.
As palavras e as acções. E estas são, sem dúvida, o que mais nos pesa.
Palavras em que acreditamos. Palavras que nos deixam magoados. Palavras que nos fazem sonhar, esperar, ansiar e desejar.
E as acções que nem sempre vão de encontro às palavras.
E aqui, pesa-se na balança, o mais importante de tudo:
O amar e o ser amado ;
O desejar e o ser desejado ;
O dar e o receber.
E há acções que contradizem quase todas as palavras. E o que pesamos então? A (in)felicidade.
Somos falíveis, contraditórios, somos humanos com necessidades que nem todos compreendem(os).
E perdoa-se.
Enquanto a balança pesar para o outro lado.


03.Jan.2016