Não chove mas o chão brilha competindo com as luzes da rua e das casas de janelas embaciadas pelo calor próprio da vida que as preenchem contrastando com o vazio lá de fora.
Aqui, tudo está morno.
Há vida, mas quase fria. O sangue não corre feroz nas veias, nem os pulmões respiram no seu pleno. Apenas a pele se arrepia de quando em quando, num aviso de que (ainda) há vida.
Sim, há. Uma vida que todos os dias se pesa nos pratos de uma balança.
O bom e o menos bom.
O óptimo e o péssimo.
As lágrimas e os sorrisos.
Os sonhos e as realidades.
Os passados e os futuros.
As palavras e as acções. E estas são, sem dúvida, o que mais nos pesa.
Palavras em que acreditamos. Palavras que nos deixam magoados. Palavras que nos fazem sonhar, esperar, ansiar e desejar.
E as acções que nem sempre vão de encontro às palavras.
E aqui, pesa-se na balança, o mais importante de tudo:
O amar e o ser amado ;
O desejar e o ser desejado ;
O dar e o receber.
E há acções que contradizem quase todas as palavras. E o que pesamos então? A (in)felicidade.
Somos falíveis, contraditórios, somos humanos com necessidades que nem todos compreendem(os).
E perdoa-se.
Enquanto a balança pesar para o outro lado.
03.Jan.2016