quinta-feira, 23 de abril de 2015

Momentos




O dia abandona-se à luz que se vai perdendo no horizonte, escondida pelas núvens que carregam o peso da chuva, como se de lágrimas se tratasse.
 Escurece, a uma velocidade demasiado rápida para o que desejo. Gostava de adiar este momento, eternizá-lo pelo tempo que me desse vontade.
É o momento que mais gosto: o anoitecer. O misturar do dia com o negro da noite. O turbilhão de passos apressados na rotina de uma vida, quase nunca, vivida, apenas corrida.
Parar e olhar. O rio que se detém sob as margens de uma cidade que conta histórias a cada esquina, a cada varanda de uma velha casa por muita gente já habitada.
Ao olhar as janelas dos prédios que se vão iluminando, imagino em que ponto da vida dessas pessoas, se encontram com a minha.
 
Histórias de vida que não são a minha, mas que, algures no tempo, será ou foi.
Há momentos iguais em todas as vidas. Há dores e lágrimas, ausência e saudade. Há alegrias e sorrisos, felicidade estampada nos olhos e nos lábios o doce prazer de amar.
 
É neste momento que a nostalgia me invade. Toma conta de mim aquela sensação que não se descreve de ter saudades do que não tive, do que não vivi, do que já por mim passou e do que aprendi.
 
E a vontade de viver é um crescendo em mim.
E a vontade de amar e ser feliz e de chorar e de aprender é, cá dentro, um desejo em mim.
E a vontade de que o tempo volte a andar é uma necessidade.
 
Regresso, assim, cheia de vida e de novos (ou antigos) sonhos à realidade do meu viver.
Regresso carregada de uma força que me faz mais do que era antes.
E tu, aí, parado à minha espera, na mesma intensidade, no mesmo querer que eu.
E o (teu) amor é algo que jamais me falta!
 
 
20.Fev.2015

XXVII Verdade Irrefutável






Arde,
Queima(me) a pele, o corpo
Com o tanto que (te) desejo.




20.Fev.2015

XXVI Verdade Irrefutável


Viciante... Esse teu olhar, esse teu odor, esse teu sabor.
Viciada, quero tocar-te, lamber-te, provar-te e, sôfrega, sorver-te!


20.Fev.2015

E é tão breve


E é tão breve a nossa vida,
Feita de momentos que passam
Sem se notarem longos ou curtos.
O olhar é feito de dias
De sol,
Por vezes de Inverno,
Pálido e gasto
Como se o calor não lhe chegasse.
Por vezes de Verão,
Feito de um mar quente,
Salgado como as nossas lágrimas.

E é tão breve a nossa vida,
Recordada em poucos minutos,
Quando a felicidade é imensa,
Intensa como os teus beijos
Repousando nos meus.
E o toque da tua mão
É o meu sol,
E o sabor da tua língua
É o meu alimento,
E o teu respirar
É o ar que cabe no peito.

E é tão breve a nossa vida,
Que há muito que te tenha,
Que por muito que te sinta,
Nos partilhe e te viva,
É sempre pouco,
É sempre raro,
É sempre à míngua.

E é tão breve a nossa vida,
Que (te) desejo viver devagar.
 
 
19.Fev.2015