quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Jamais pensante




Há um vazio nas palavras que não se explica. Um vazio que as preenche por inteiro, lhes tira o significado, o poder do dizer.
Palavras que nos inundam a vida de sonhos, de desilusão, de sentir e de uma dor feita de mágoa.
Palavras que nos definem, que nos orientam e programam. Que nos fazem ser ou, em última instância não ser e não fazer.
Palavras que sós, que sendo de outros, se tornam em um todo nada. Um nada que se mostra demasiado potente para nos... Me reduzir a uma insignificância sem valor.
De que adianta transpôr sentimentos e estados de espíritos, tão voláteis como as palavras que os representam, que os demonstram no papel, no ecrã de um qualquer gadget ...
De que adianta tentar mostrar que sou cheia de tanta coisa e no fim, não passar de nada?
As palavras não nos fazem, não nos definem, não nos representam. Nem o que pensam de nós. Nem o que pensamos dos outros.
O sentir é único. É egoísta. É só meu.
E eu sou o que vivo. O que a vida me dá a conhecer. Um mundo mais ou menos pequeno de vivências que são apenas minhas, que interpreto de acordo com o que sei, com as palavras que conheço, com o tão vazio e inadequadas que são para tanto que penso e que sinto.
Deveria inventar novas palavras todos os dias. Não para que me compreendam o sentir ou o que sou, mas para que não me sentisse vazia e pequena no vocabulário que há.
Deveria deixar de ser tanto para transmitir em tão pouco.
Deveria pensar dentro do que já existe sendo apenas um ser vivente. Jamais pensante...
 
 
08.Out.2014