quinta-feira, 20 de junho de 2013

Irracional Sentimento

 
A manhã vai passando no seu passo ritmado de horas habituadas a esse compasso.
Por mim passam sem pressa alguma, tornando-se demasiado lentas e fazendo-se acompanhar de uma estranha solidão.
Uma solidão carregada de vazio. Poderia ser de tristeza, melancolia, saudades.
Não. Apenas solidão vazia. Cheia de si própria.
Enchendo-me de si.
Invadindo o meu espaço, amarfanhando-me o espírito perante a sua força dissimulada e impossível de ignorar. Ocupando cada lugar do meu corpo com todo o seu peso etéreo e no entanto, quase palpável.
Uma solidão que se impõe e entranha e me vicia.
De viver os dias por apenas se respirar, por apenas o coração bater e fazer correr o sangue da vida nas veias.
E a cada dia a força do rio é menor e o seu brilho mais negro e vazio de vida, as flores deixam de ter os odores que exaltam os sentidos, o vento deixa de me acarinhar o corpo e a paisagem de roupas nas varandas já são quase cor de cinza.
Tudo definha ao sabor do meu tempo comandado por esse estranho, absurdo e irracional sentimento.

14.Jun.13

terça-feira, 11 de junho de 2013

Há um grito

Há um grito
Que se acalma
Dentro do meu ser
A cada dia que ultrapasso,
A cada hora que desfaço
Em minutos de tempos
Parados.

Há um grito
Que se cala
Nesta boca que é minha,
De lábios pálidos fechados
Em sons que tudo dizem
Sem palavras.

Há um grito
Que sufoco
Suspenso no ar
Que respiro
E que não liberto,
Guardado,
Acumulado
No peito.

Há um grito
Que deixo perdido
No sal de lágrimas
Que só eu provo,
Que só e abandonado
Morre assim,
Perdido,
Enterrado,
Não gritado!


11.Jun.13

Pergunto-me

Pergunto-me
O que fazes
Quando as horas demoram
Um tempo demasiado longo
Num Inverno que não tem fim.

Pergunto-me
Por onde vagueia
O teu pensar
E se tem um rumo
Ou anda apenas a navegar.

Pergunto-me
Se o teu corpo
Se estende aconchegado
Pelos braços de um outro alguém
Ou se te cobres de lembranças
De um calor que já foi teu.

Pergunto-me
Se no teu coração
Ainda há aquela chama
De um amor que não acaba
E que a saudade não mata.

Pergunto-me,
Desdobro-me
Em questões mil
Apenas para me iludir
E acreditar que,
Ainda e sempre,
Eu vivo no passar dos teus dias.


11.Jun.13

Um lugar

Eu tenho um lugar
Onde tudo acontece,
De forma incessante,
Num correr que se estende.

Eu tenho um lugar
Onde me aconchego
Do frio dos dias sem luz,
Do vazio que inunda as horas
Que passo afastada daí.

Eu tenho um lugar
Onde o calor do sol
Jamais desaparece,
Se sente quente na pele,
Carícia que me enternece.

Eu tenho um lugar
Onde o cheiro que se sente no ar
É de sândalo e alecrim,
De orvalho da manhã no jasmim,
Numa pele que extravaza
Todo um gostar,
Todo um querer,
Que foge de dentro de mim.

Eu tenho um lugar
Que sabe a um amor
Que se sente na Alma,
Que se mostra no entrelaçar dos corpos,
Que se olha nos lábios molhados
Em beijos trocados.

Eu tenho um lugar
Que me aceita sem perguntas,
Que me deseja sem renúncias,
Que me recebe por completo
E me desculpa,
E me acalma,
E me apoia.

Um lugar que é o teu Amar,
Feito abraço no teu peito,
Onde o sono é descanso,
Onde me renovo por inteiro.

Eu tenho um lugar,
O teu Amar,
Onde sou imperfeitamente perfeita.
 
9.Jun.13