segunda-feira, 22 de abril de 2013

Dicionário de Coisas Simples I



E o Amor?
O Amor sabe a flores
Espalhadas por entre árvores
Colorindo jardins
E abrindo francos e sinceros sorrisos
Nuns lábios que são de amantes.

E o desejo?
O desejo fala sem palavras,
sussurra por entre dedos
Que se entrelaçam,
Que deslizam por caminhos
Antes molhados por línguas,
Nesses nossos corpos
Feitos pele.

E a saudade?
A saudade cheira a mar
De gotas carregadas de sal
Salpicadas num rosto
Que é o meu.
14.Abr.13
 


Entardecer

 
E o entardecer vai tomando o seu lugar nas horas de infindáveis e lentos minutos e o compasso de passos ritmados apressam-se nas ruas agitadas de quem não tem mais para onde ir senão para casa.
As cores do céu escurecem e desvanecem-se em anéis de nuvens branco escuras, tristes que quase choram e o vento brinca com elas, fazendo-as competir entre si em corridas velozes num circuito criado de idas e voltas que baralham a nossa percepção.
 
As folha, cá em baixo, aplaudem frenéticas juntas com os ramos das árvores que ondulam sobre si mesmos alheios a quem passa por eles e ao cansaço que se apodera dos corpos.
Alheios ao calmo corropio dos passos acabados de entrar em casa.
 
E eu, apaziguo os pensamentos libertando-os na corrente de um corpo deixado ao abandono de um perfeito e revigorante descanso em que permito que a noite de mim se apodere...
 
12.Abr.13

Thoughts XXII

 
Trago-te comigo
No roçar de um beijo fugidio,
No tocar de um dedo escorregadio,
No cheiro deste ar que respiro.

12.Abr.13

Escondo-me

 
Escondo-me perante o medo de ser tomada por esta sensação de não ter nas mãos as rédeas do meu futuro.
Escondo-me sob um sol que não me queima a pele, que não tem força para penetrar-me a pele e aquecer-me o corpo.
Escondo-me num olhar que transmite um imenso nada, vazio de quereres, cheio de desesperança.
Tapo-me.
Cubro-me.
Em camadas de caras, de rostos, de faces que se vão alinhando e acumulando, formatando ao longo das horas que passo defronte do futuro que não se mostra. Adaptando-me ao vento que corre sem meta específica e que por vezes é demasiado forte, destruidor e que nem assim me quebra, me faz acordar desta profunda letargia, acumulada na minha pele, impregnada na minha alma...

27.Mar.13