segunda-feira, 22 de abril de 2013

Entardecer

 
E o entardecer vai tomando o seu lugar nas horas de infindáveis e lentos minutos e o compasso de passos ritmados apressam-se nas ruas agitadas de quem não tem mais para onde ir senão para casa.
As cores do céu escurecem e desvanecem-se em anéis de nuvens branco escuras, tristes que quase choram e o vento brinca com elas, fazendo-as competir entre si em corridas velozes num circuito criado de idas e voltas que baralham a nossa percepção.
 
As folha, cá em baixo, aplaudem frenéticas juntas com os ramos das árvores que ondulam sobre si mesmos alheios a quem passa por eles e ao cansaço que se apodera dos corpos.
Alheios ao calmo corropio dos passos acabados de entrar em casa.
 
E eu, apaziguo os pensamentos libertando-os na corrente de um corpo deixado ao abandono de um perfeito e revigorante descanso em que permito que a noite de mim se apodere...
 
12.Abr.13

Thoughts XXII

 
Trago-te comigo
No roçar de um beijo fugidio,
No tocar de um dedo escorregadio,
No cheiro deste ar que respiro.

12.Abr.13

Escondo-me

 
Escondo-me perante o medo de ser tomada por esta sensação de não ter nas mãos as rédeas do meu futuro.
Escondo-me sob um sol que não me queima a pele, que não tem força para penetrar-me a pele e aquecer-me o corpo.
Escondo-me num olhar que transmite um imenso nada, vazio de quereres, cheio de desesperança.
Tapo-me.
Cubro-me.
Em camadas de caras, de rostos, de faces que se vão alinhando e acumulando, formatando ao longo das horas que passo defronte do futuro que não se mostra. Adaptando-me ao vento que corre sem meta específica e que por vezes é demasiado forte, destruidor e que nem assim me quebra, me faz acordar desta profunda letargia, acumulada na minha pele, impregnada na minha alma...

27.Mar.13

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Hoje viajo ao som de...


Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca,
Uma cápsula protetora
Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome nos meninos que têm fome

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados de um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto para quem?

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle