sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Despes-me o corpo



Despes-me o corpo
Sem me tocar,
Sem a blusa desapertar,
Sem a saia levantar.
Arrepias-me a pele
Apenas com o teu olhar
Que me adivinha os contornos,
Que anseia pelos dedos em mim a deslizar.
Aqueces-me o corpo,
Aumentas-me a desejo,
Suprimes-me o pensar
E já não quero outra verdade
Que não passe pelos lábios
Ao meu ouvido a sussurrar-me
Palavras doces ou lascivas,
Que falem de amor ou apenas desta vontade, 
Da tua boca na minha se entregar, 
De te receber o paladar, 
De te sentir o gosto na língua!
Pára de me torturar,
Apenas com o teu feiticeiro olhar,
Deixa-me me entregar,
O corpo nessa luxúria
Que são as tuas mãos por mim a passear,
A tua molhada língua a me saborear,
A tua pele salgada na minha a gotejar,
Que é teu corpo no meu a penetrar,
E à loucura me guiar.
Não páres de me olhar,
Deixa-me para ti despir,
Para que em mim possas
Todas as fantasias realizar...

03/12/2012

Distâncias


Há distâncias que são palpáveis,
Contadas em metros,
Em distâncias de mapas,
De terras e rios,
De ruas e prédios.
Separações físicas
Que se contornam em abraços,
Que se colmatam com beijos
Enviados em fotos.
Há distâncias que se encurtam,
Em visitas momentâneas,
Em pequenos pedaços de tempo.
Há distâncias que nos matam,
Nos ferem a alma,
Em que as memórias se tornam
Grandes, enormes tormentos.
Que acabam escondidas,
Nos arrefecem os pensamentos,
Nos tornam frios esses momentos.
Há distâncias que são um eterno afastamento, 
Do que já foi uma partilha, 
Um perfeito entendimento.
Que são o acabar de um sentimento,
Mesmo que possa estar a um passo de tocar, 
Um caminho que se segue, 
Com outro destino, 
Outro encerrar.
E estas são as distâncias que nunca,
Nunca se conseguem encurtar...

02/12/2012

Ausência



A noite chega carregada de chuva e sem a luz da sua eterna companheira hoje tapada por mantas de núvens negras.
E o silêncio é quase absoluto na rua e dentro destas paredes que me sufocam e apertam o peito que quase explode por não conseguir respirar.
Um aperto que me impede de sentir, de gritar e de deixar de respirar. De querer, de desistir e de avançar.
Um respirar mecânico, automático, sistemático e repetitivo, sequêncial mas sem vontades. Sem querer ou não querer.
E que dói. Dói a cada inspiração de ar frio que me gela por dentro.
Dói a cada expiração que não quer deixar sair o pouco calor que ainda me resta.
E o silêncio que é quase absoluto, que se quebra com esta dor de manter o coração a trabalhar, nesta incapacidade de sequer pensar.
Há dias em que o silêncio da tua ausência é demasiado grande e me invade e quase me mata por dentro...


30/11/2012

IX Verdade Irrefutável



... Anseio pelo dia em que poderei vestir-me de ti, para sempre, todos os dias.


28/11/2012