E a noite avança com a frescura do ar húmido e do cheiro a Inverno que quase se sente na porta.
Os quase nenhuns passos que quebram o silêncio soam a apressados, rápidos e curtos e, depressa desaparecem arrastando consigo o peso dos casacos que atravessam o frio que as estrelas não conseguem quebrar.
Pela janela vislumbro o calor de lareiras que fervilham e crepitam em labaredas de fumo saindo pelos cumes dos telhados.
Um calor que não chega aqui, que não se sente, que não se vê.
E é tão bom saber que há lugares assim tão perfeitos e cheios desse calor que faz os corpos se abraçarem e as pernas se entrelaçarem.
Um calor que vem de dentro do corpo em forma de um sorriso, de um beijo, de um arrepio na superfície da pele, de um espasmo de corpo inteiro.
Como o que sinto quando te vejo, quando te cheiro, quando o teu sabor me invade o paladar.
E assim o frio em mim nunca chega a entrar...
23/11/12