quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

VII Verdade Irrefutável


...É a ti que quero e vou esperar-te. E enquanto não chegas, vou sonhar-te.


Quero-te aqui



Quero-te aqui,
Nesta cama que me acolhe,
Que me guarda o corpo
Nas horas em que dura a noite,
Nos momentos,
Que suspensos,
São longos e lentos,
Onde o teu corpo não aquece o meu.


Quero-te aqui,
Por entre os lençóis
Que me cobrem a pele
Que me lembram o teu toque
Que me alentam sem que te sinta.


Quero-te aqui,
Que substituas os meus dedos,
Que me cubras com os teus,
Que novos caminhos percorras.
Quero ser sempre novidae em ti,
Que me sintas e reconheças o sabor,
Que me desejes da pele o calor,
Que me permitas em ti,
Hoje e sempre,
Sentirmo-nos neste torpor,
De êxtase por cumprir,
De prazer num imediato sentir.


Quero-te aqui,
Para a ti me entregar,
Para por ti me perder,
Para em ti me encontrar
E, sobretudo, re-aprender a viver!

17/11/12

Quero-me tua

Agora que a noite comanda
As horas que são da lua,
Quero-me tua!

Neste quarto em que me dispo
De todos os medos
E os desejos me invadem
O corpo e os pensamentos,
Quero-me tua!

Aqui, na cama onde me deito,
Onde o meu corpo fica pronto
Para te receber os beijos,
Os toques desses teus dedos,
O molhar da tua língua,
Quero-me tua!

Toma-me o corpo,
A alma,
E faz-me tua.
Prova-me a boca,
Salga-me a pele de gotas
Que se misturam
Entre a minha e a tua,
Num ritmo que nos alucina.
Abranda,
Olha-me nos olhos,
Lê-me a entrega completa,
O suplicar de um não querer parar
De te sentir,
De te ter,
De em mim te receber
E faz-me tua!
De forma lenta e amada,
De forma louca e desvairada,
Pertenço-te, não me negues nada,
Pois tudo és tudo o que quero
E eu,
Quero-me tua!


O fim

Um dia tudo chegará ao fim. Não há nada eterno, que dure sem acabar nunca.
E eu terei um fim.
Um fim que se vai anunciando na vã esperança de nunca se terminar.
Que se vai denunciando nos pequenos gestos que deixam de ser rotina, que deixam de ser hábito e não se apercebem.
Uma espécie de grito de alerta com novos sons e novas palavras muitas vezes apenas sussurradas e que não são percebidas, notadas, reparadas.
Tudo na tentativa de que esse fim que se espera não chegue a chegar, não tenha de se enfrentar.
O fim é algo que nunca se deseja.
É o acabar da esperança.
É o acabar dos sonhos que tentamos e, por vezes, conseguimos realizar.
E os anunciados, os esperados e gritados são os piores de todos os fins. São os que nascem em nós. São os que crescem de uma lacuna que não vemos preenchida.
E há que dizer adeus.
Terminar. Concluir. Abandonar.
E tudo isto implica dor.
Dor no sentir, na decisão e no viver a seguir.
O fim é quase sempre sinal de frustração.
Quase sempre.
Mas há fins que acontecem porque embarcamos em novos mares, sedentos de outros sabores e levados em novas correntes com destinos desconhecidos e aliciantes.
E eu desejo que, na inevitabilidade do fim, todos, mas todos os meus fins sejam assim, por me inundar de mais e sempre melhores sonhos!

14/11/12