sábado, 3 de novembro de 2012

Pensei em dizer-te adeus


Pensei em dizer-te adeus,
Em apagar-te dos dias,
Das horas em que me acompanhas.
Tentei ignorar-te a constante presença,
Em não sentir tão fortemente a tua ausência.
Procurei todas as palavras mudas,
Não soletradas,
Impronunciadas,
Na louca vã esperança
De não te sentir presente.
Desmembrei cada suspiro que soltaste,
Cada sopro desse teu vento
Do sul quente
Que para mim orientaste,
Na insana ilusão
De não te ter guardado em mim.
Pensei. Tentei. Procurei. Desmembrei.
Sem sucesso.
Sem regresso ao que fui.
Sem analepses e possibilidade de rescrever.
Sem avançar no que serei.
E já aqui, no meu ser, não te ter.
Fazes parte de mim e sem ti não há verdadeiro viver...
28/10/2012

Thoughts XII


Um dia gritarei palavras carregadas dos meus silêncios...

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Hoje viajo ao som de...



Here's your chance
I give you what you want
I am a giver

Here's your chance
To tell me what you want
I'm a forgiver

When nobody's around
I try not to care
I must deliver

When nobody is home
I will not get the door
I'm a pretender

Here's your chance
I give you what you want
I am a giver

Here's your chance
To tell me what you want
I'm a forgiver

When nobody's around
I try not to care
I must deliver

When nobody is home
I will not get the door
I'm a pretender

So here we stand
Like flowers in the cold
Wilt and wither

Here's your chance
Tell me what you want
I'm a forgiver

Gotas


E a noite cai sem medo da lua que hoje se esconde, perdida sem luz no escuro das nuvens que pingam lá fora, na rua.
O cheiro da chuva entra no quarto pela pequena abertura na janela e faz ondular de forma perfeita e constantemente incerta a cortina que me impede de espreitar e ver os passos que correm em rápida e insegura surdina.

E pingam em mim gotas de uma água morna de sal que me escorre pela face e me marca a pele.

São gotas de saudades e de vontades que num estranho ritual se vai incumprindo por mais certas que sejam as voltas que os ponteiros do relógio vão percorrendo sempre certo e certeiro.
E vou cumprindo os dias sem alterar as rotinas desses passos curtos que há muito anseio transformar em saltos e que provocam nas emoções muito mais que vãs e meras ilusões: alimentam-nos e alentam-nos os dias que passam a ser velozes, vorazes carregados de vida!
E as gotas invadem-me agora o corpo em cadenciado ritmo que controlo numa tentativa fugaz e inglória de conseguir que lavem a alma, me tragam a vitória de me libertar das amarras que nunca me prenderam a esta forma de vida.
Escorrem-me na pele sem caminhos traçados e assim em mim, longe de regras que não controlamos, criam novos rumos com um destino que é único: o encontro de todas as gotas num rio que correrá suave até ao seu porto de abrigo.
E aqui, sentindo-as abrirem o caminho, sinto e decido, de corpo e alma lavados, seguros e certos, que quero seguir com elas: na rua, no rosto e no corpo, nas águas de um qualquer rio, desaguar livre, sem medo, no teu imenso e perfeito ser, nesse que é único teu (a)mar.


26/10/2012