terça-feira, 18 de setembro de 2012

Vazia. Nua.

Vazia.
Nua.
Despida de mim e do que sou.
De pensamentos.
Carrego em mim sentimentos que juntos são um punhado de vento gelado e que arrepia no eco do nada.
Vazia.
Nua.
Sem nada que tivesse sido ou algo que possa ser.
Um respirar que quase não adianta ao sufoco que se prende e arrepende aqui, na garganta.
Vazia.
Nua.
Sem o calor do sangue que ferve e corre e alimenta o corpo que a pele cobre.
Nada em mim existe.
Apenas um corpo inerte que não se sente e que teima em não te esquecer e deixar de amar.
Vazia.
Nua.
Prostrada à espera do tempo passar...

03/09/2012

Impõe-se a hora


Impõe-se a hora do regresso sem que a vontade se resuma a alguma.
Visto o corpo devagar como as horas em que desejo que estas voem num rápido passar de minutos, que teimosos, se vão deixando arrastar.
E a pele vai guardando o cheiro do teu paladar largado em prementes toques de língua nas curvas que me te dão prazer e que vou tapando para em mim te guardar, te manter.
As marcas da nossa suave batalha de mãos e dedos deslizantes em corpos colados sem medos, sem receios ou freios, são o que restam do tempo que demasiado veloz passou e em que o teu calor invadiu o ventre que é meu e me tomou, me deu e de mim recebeu.
Não há temores, nem culpas.
Há vontades cumpridas.
Desejos tocados, sentidos, partilhados.
Há a ânsia da repetição num tresloucado acto feito perdição e doce rendição.

 E eu rendo-me a ti.
Ao teu beijo. Ao teu abraço.


02/09/2012

Pele quente


Pele que quente
Apenas anseia
Que o toque se complete,
Que o deslizar a arrepie,
Que o teu corpo a penetre.
Pele louca de desejo
De vontade de prazer
De te sentir na carne
Tocando,
Apertando,
Beijando lábios de luxúria carmim
Em frenéticos suaves movimentos
Ritmados num compasso
Que acentua o querer!
Que louco e intenso castigo
De quase te sentir no ventre
Tomando-me,
Fazendo-me tua
Em ondas de imenso prazer.
Quero-te!
Desejo-te!
Aqui, em mim, neste corpo que te pertence.
01/09/2012

Perco-me o corpo


Perco-me o corpo
No caminho sem destino,
Sem rumo, sem trilho,
Num andar sem saber onde,
Sem sentir os pés pousar
Na terra feita queixume.
Arde a pele sob o sol
Que o vento não arrefece
E o pensar não se recorda
Do que já foi e já passou
E da mesma forma,
Nunca se esquece
Do que sentiu e nunca sofreu.
Perco-me a alma
Vagueando nestes dias
Sem horas, só vividas
Arremessada contra as pedras
Do que piso,
Sem receio de a partir
Mais que em mil pedaços,
E assim permitir
Que o tempo e o caminho
Sejam apenas e somente passos
Sem sentido.
Perco-me de mim,
Dos desejos que pressinto
No chegar de um odor
Que relembra as sensações
Do prazer e do amor,
Que depois de sentidos
Saã guardados em recordações.
Perco-me sem saber
Onde vou acabar
Mas espero sem desesperar
O teu abraço no meu
Entrelaçar.
31/08/2012