quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Há dias...

Há dias em que nos sentimos tolhidos e toldados, formatados numa vontade que não é nossa, que nos ultrapassa e nos invade movimentos e pensamentos.
Como se levados numa corrente que não tem destino ou objectivo ou que mesmo tendo não é de todo perceptível ou o que desejamos. Mas ainda assim nos consegue arrastar no seu meio pelas pontas dos dedos que se deixam tocar por essa vontade de nos deixam os levar.
Uma vontade de não querermos lutar e desistir para apenas descansar num suave mar em que as ondas vão por dentro e na pele, no sorriso de falsa felicidade por aí navegar.
Será errado tentar não ser quem somos? O que o nosso íntimo nos diz, nos faz ser?
Não sou melhor que ninguém, erro, provoco dor e deixo mágoa nos que por mim passam. Mas não o faço com esse propósito.
E isso, mata-me, revolta-me as entranhas e o coração quer deixar de sentir.
Gostava de ser mais uma na onda destas marés cheias e vazias em que apenas eu contasse.
Há dias em que gostava de ser guiada pelo caminho que não me mostrasse a beleza e a fealdade do que me rodeia, destes extremos que somos capazes de provocar e trazer amarrados à pele que é a nossa.
Guiada, conduzida, insensível, sem medos ou pensamentos que me invadissem.
Há dias em que não me apetece viver, apenas apetece existir.
 
23/08/2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Hoje viajo ao som de...

What is in this wine? the more I drink the more I wander off into a stranger's eyes I like the way that they reflect my thoughts what is in this air? it feels like feathery dust everywhere and as I breathe it in I breathe the masculine scent of his skin and I feel homeless your comfortable caress has triggered unfamiliar restlessness you and I are we I feel I've lost my individuality you're watching me rebel believing stories only hearts can tell but when is it enough? when do I call my feelings on their bluff and I feel homeless and I remember us now but I forgot what we felt like somewhere along the way

Quando?


Quando devemos largar o sonho, os desejos, as ilusões?
Deixar que o vento que as trouxe numa brisa clida e suave sob a pele, as leve na sua forma mais brusca e rebelde. Que as arranque de nós com uma velocidade estonteante e frenética para que as recordações não fiquem em nós a marcar compasso.
Quando há recordações.
Pode não haver nada que fique depois do vento nos fustigar a face com tamanha violência que chega a alma e a esvazia. Por completo.
E sobra nada de uma ilusão, de um sonho, de um desejo.
Mas não é assim que acontece.
A suave brisa que nos enche de emoções tem a mesma velocidade que a que nos deixa sem recordações.
E tendemos a agarrar o que queremos nosso. E isso é que demora a aceitação da perda.
Eu sei que te perdi porque nunca a brisa te guiou até mim. Foi um caminho solitário daqui para aí, de mim até ti. Nunca o contrário.
E hoje largo-te em definitivo com a ajuda da brisa morna e doce de odores nossos nunca sentidos em paladares que jamais foram trocados.
Hoje deixo que a brisa me dispa de ti e permito-me deixar-te para trás.

23/08/2012

O vento...



E chega até mim no vento feito brisa suave de ondas de calor a música que é nossa.
Ouço-a sussurrar junto a areia onde o mar a torna molhada e salgada, as notas que vibram numa pauta feita história onde somos protagonistas.
E o murmurar das ondas trespassa o ar acompanhando-a numa dança sem compasso ritmado que recorda o nosso amar.
E o meu corpo recebe-as sem esperar, deixa-se invadir e contagiar e sinto-te o perfume e gosto do beijo invadindo-me os sentidos, deixando a pele a arrepiar e a ti, cada vez mais, a desejar.


20/08/2012