segunda-feira, 9 de julho de 2012

As palavras



As palavras com que me envolves,
Que me sussurras ao ouvido,
São em mim um delírio,
Um intenso corropio
Que me liberta o ser,
Que me enche de vida,
Que os dias me alenta.
São doces toques
De mãos e de língua
São sentir-te deslizar,
Molhar,
Saborear,
Descobrir,
Arrepiar,
Sorrir,
Provocar,
Excitar,
Entregar e dar.
A pele que me cobre é tua,
E o que sinto em mim vibrar
É o teu corpo que acentua,
Que avança na carne crua
Sem medos ou temores,
Sem preconceitos ou julgares.
É o teu corpo que me toma,
Que me sorve,
Que me prova,
Que me faz dar-te,
Assim, despida e nua...
 

 06/07/2012

Acelerado


E o coração bate acelerado, descompassado ao sabor do vento que hoje é conturbado, frio e me irrequieta os cabelos, fazendo os fios dourados bailar no rosto.
Arrepio nesta pele minha quente que constrasta com a noite que já se alonga em horas que não passam.
E o pensamento vagabunda em episódios que vão e vêm ao ritmo das ondas deste mar que recebe as águas do rio, neste local onde nunca estivemos mas que sinto como teu e meu. O local onde as minhas águas convergem nas tuas salgadas. Onde os paladares se misturam em gotas na boca que beijam as línguas nossas.
E o corpo que é meu já não sente o vento frio, já o afasta com o calor que em mim cresce e transborda.
Por ti.
Porque és tu quem me faz o coração bater, o sangue correr e viver.

03/07/2012

É tempo


Tempo de entrar e bater com a porta.
Encerrar de uma vez e deixar para cá da mesma tudo o que poderia ter sido nos sonhos em que me iludi.
Ultrapassar o limite do que é seguro nestes dias de horas por vezes vazias, aceitando a escuridão do futuro que não sei, que não se mostra nem vislumbra em qualquer forma.
Incógnita pura essa do futuro e do que há-de vir para lá dessa porta que é o meu porto de abrigo.
Cairei num precipício em que não conseguirei bater as asas, essas que nunca ganhei, nunca conquistei.
Cairei redonda no chão. Duro. Escuro do poço enorme que é a minha tentação. A tentação, a ilusão de que lá, bem no fundo, existe a luz da tua (minha) salvação. O teu amor que me ajudará a reerguer de tamanha, imensa e gigantesca queda.
Mas não me importa de fechar, bater com a porta desde que a tua mão esteja aberta, do outro lado, para vivermos a vida certa...

03/07/2012

terça-feira, 3 de julho de 2012

Desejo



Desejo.
Desejo que me impeças de te largar e avançar no caminho que me levará para longe de onde quero ficar. Que me faças aqui ficar sem alongar e afastar o meu corpo do teu porque apenas isso se irá. O meu ser contigo para sempre ficará.
Presente.
Presente nos dias de longa noite e fria chuva. Nos dias de sol ardente que na nossa pele fica marcado, com ondas do mar onde os corpos se embalam em ...música suave, cadente de ondas que não calam e choram pingas de água de sal mesclado do tempero do nosso amor.
Agarra-me.
Agarra-me, não me largues a mão que o corpo de imediato se deterá. Prende-me, amarra-me os passos que desejam não andar, não existir, não me deixarem partir neste rumo, incerto do que há-de vir, em dias sem luz e calor que apenas são quando não estás em mim.
Trava-me.
Trava-me esta vontade de partir, de te deixar ficar e arrancar em direcção a lado nenhum que sem ti são nada, vazios, longínquos e nunca alcancáveis. Tu és o meu porto seguro, sem ti ando à deriva em mares e caminhos que são intermináveis e onde jamais deitarei meu corpo e descansarei.
Desejo.
Desejo que me impeças de te largar.

29/06/2012