segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Encontros



Está sentado num qualquer banco de bar. Num qualquer bar, duma qualquer cidade.
Desespera. Nada corre bem. A vida mudou. As dificuldades vão-se acumulando. A vida que partilha alterou-se.
Cotovelos apoiados no balcão, as suas mãos seguram a cabeça. Como se se a deixasse pender, perderia a força e jamais se conseguiria erguer.
Vê-o. Admira-lhe os cabelos grisalhos. A postura de desprotegido. O olhar perdido à espera de rumo.
Ali sentado. Precisa dela. Não resiste e senta-se a seu lado. Os olhares cruzam-se. E ela sente que é o homem da sua vida.
Ele percebe e diz-lhe que não é boa companhia. Os olhares aprofundam-se... Um no outro. E sem palavras tudo é percebido.
Seguem juntos. Ele com os olhos tristes, perdidos. Voltam a olhar. Profundo. Um no outro. E voltam a perceber. Ela sabe que ele é pai de família. Mas ainda assim, mergulha nele. E ele nela. E ambos um no outro. O beijo é imenso. Intenso. Sedento. De vida, amor, desejo e prazer.
Trocam abraços, toques e sentidos. Tomam o sabor um do outro, com paixão, entrega total. São um do outro. Agora. Ali. Naquele momento intenso, sedento. Pertencem um ao outro, no espaço de poucas horas, que parecem a ambos apenas minutos. As mãos correm os corpos, as bocas tocam-se forte e suave, por inteiro ou em parte, uma na outra, no corpo do outro. São um do outro. Várias vezes encadeadas numa única. Sem parar, que os olhos ardem de paixão. De desejo, vontade. Os corpos escorregam de tanto se darem, se sentirem...
Está na hora. Percebem sem falar. Ele puxa da carteira. Ela empurra com gentileza fazendo-o guardá-la e dizendo-lhe: A vida é tão bela. Nunca desistas.
Um último beijo. O do adeus.
Ele nunca mais voltou ao bar. Ela sim, apenas para o poder reencontrar...

08/07/2011

Sem comentários:

Enviar um comentário