sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Beija, beija-me

 
Beija,
Beija-me com o teu olhar
Doce, que me perscruta o ser,
O querer,
O meu pensar.

Beija-me com os teus lábios
Suaves, que me conhecem o sabor
De todas as palavras não ditas,
De todos os segredos partilhados.

Beija-me com as tuas mãos
Fortes, que me descobrem o tocar
Em cada ponta desses teus dedos
Pioneiros que na minha pele
São perfeitos a deslizar.

Beija-me com o teu corpo
Quente, que me invade sem temor
A carne que te deseja,
O sexo que, húmido,
Por ti anseia.

Beija,
Beija-me com todo o teu ser
Imenso, que me completa,
Que me faz a cada dia acreditar,
Ter a certeza,
Que te pertenço,
Sem freio ou receio,
Por inteiro,
De corpo e alma!
 
27.Nov.13

Entrego-me

 
Entrego-me
Rendida ao teu ser,
Ao teu sorriso,
Ao teu falar,
Ao teu me surpreender.

Entrego-me
Nua de todo o passado,
Nua de tudo o que sei,
Nua de tudo o que senti,
Nua,
Como se fosse uma analfabeta dos corpos,
Como se não soubesse ler os sinais certos.

Entrego-me
Despida de todos os medos,
Sem quaisquer preconceitos
A todo o teu saber,
Sem me controlar,
Sem receio de me perder.
Despida de todas as roupas,
Apenas com esta pele,
Que se arrepia
Sob o comando do teu beijo,
Apenas com este corpo,
Que se humedece
Sob o deslizar dos teus dedos.
Entrego-me
De corpo e alma unidos,
Aos teus mais profundos devaneios,
Aos teus mais loucos desejos,
Sedenta do teu tocar,
Ansiosa por te pertencer,
Sem limites, sem tréguas,
Nesta carne que quer pecar,
Desejosa por sentir,
No ventre,
Na pele,
Na boca,
Em mim,
O teu insano e imenso
Prazer!
 
 
23.Nov.13

Abandono




Hoje abandono o corpo
Ao sabor de uma cama fria,
Condizente com a noite,
Sem gente, vazia.
Um abandono sem resistência,
Sem a luta que se impõe
Pelos desejos e quereres,
Pelas vontades loucas,
Intensas dos prazeres.
Um corpo largado,
Sem que obedeça ao pensar,
Como se tivesse deixado,
Por vontade unicamente sua,
Que o coração ficasse parado,
Inerte, sem o sangue bombeado.
Uma pele outrora quente,
Hoje mais que arrefecida,
Hoje insensível,
Adormecida,
Num torpor que me controla,
Que sempre sinto na tua ausência,
Que a alma me desola,
Que me sabe a penitência.
Hoje abandono o corpo,
Até que chegues e me aqueças,
Até que venhas e me invadas,
E o meu corpo,
Por ti, renasça.
 
12.Nov.13

Não há lágrimas em mim



Não há lágrimas em mim.
Secaram com os sonhos
Nunca cumpridos,
Com as vontades
Nunca realizadas.
Escoaram com a desilusão
De um viver,
Não pleno de alegria,
Mas carregado de um pesar
Que nos vai invadindo,
Controlando o pensar.
Esgotaram de tantas e tantas noites
Plenas de solidão,
Companhia desse silêncio
Dono das horas demoradas
E carregadas de incompreensão.
Não há lágrimas em mim.
Tantas vezes vertidas
Em nome de um querer,
De um batalhar,
De um insistir e um lutar
Que acaba por nos vencer,
Que acaba por nos derrotar,
E nos faz desistir,
Acabar por não acreditar.
E cairam,
E voltaram a cair,
Salgadas,
Escorrendo por este rosto,
Espelho do desalento,
Do resignar a um sentir
Que dói,
Magoa cá dentro.
Não há lágrimas em mim.
Acabaram
Como acabou o desistir,
Como terminou o não sonhar,
Como findou o não querer viver.
Contigo, por ti,
Voltei a sonhar,
A sorrir e a querer,
A desejar e a almejar
A felicidade,
Intensa e contagiante,
Que é voltar
A amar!
 
 
9.Nov.13