Há vidas vazias, ocas de qualquer sentimento que seja
passível de ser bom sobretudo devido à forma como se encaram as situações que
vão surgindo no passar dos dias.
Vidas tão vazias que há um negrume na alma e um azedume
nas palavras proferidas ou escritas.
E quase sempre as escritas têm o significado que queremos
que tenham, lidas de forma a encontrarem-se os pontos que nos levam à nossa
conclusão pré-instituida.
Juízos de valor.
Acusações, condenações quase sempre à medida do pensar de
quem as faz e tantas vezes pequeno e tacanho.
Apenas porque é mais fácil acusar, responsabilizar alguém
do que assumir o erro, a falha, o fracasso.
Há vidas vazias cheias de palavras que lidas parecem
cheias.
Há vidas cheias de palavras que lidas parecem vazias,
perdidas, sem rumo ou objectivo.
Há palavras que não passam de palavras apenas unidas num
sentimento que nada reportam da realidade vivida ou de algum desejo reprimido.
Há palavras que são tudo isso e que não passam disso.
Há palavras que não têm destino.
Há palavras que tomam como de quem as lê. Que são tomadas
por quem as lê. Interpretadas num rodopio de imagens carregadas de imaginário
que raramente corresponde à verdade. Ou sim.
As palavras são como as verdades, cada um tem as suas e a
sua é sempre a mais verdadeira.
Há palavras de Mulher com todo o sentir e prazer e há
palavras de Menina que como todos gosta de receber amor, carinho e protecção e
de dar e amar. Porque há tanto para oferecer. Porque há tanto que pode fazer a
vida valer a pena viver.
Há tanta forma de amar.
Há tanta forma de odiar.
Há tanta forma de encher o vazio e de ver os dias passar.
E as palavras nunca definem quem as escreve.
E as palavras valem o que valem.
E as palavras magoam se se deixar, se se permitir, se
sentidas de alguma forma com uma ponta de verdade ou de vergonha.
Palavras que apenas se tentam ignorar porque nada de novo
ou bom trazem aos dias que correm e que se guardam como prova de como a vida pode
ser gasta de forma errada.
Há vidas cheias das palavras erradas.18/12/2012