segunda-feira, 28 de abril de 2014

Dias silenciosos

 
 
Há dias silenciosos.
Dias em que o correr do rio passa despercebido e tão pouco se importa com as núvens escuras que ameaçam desfazer-se e misturar-se nas suas águas.
Em que nada perturba o passar das horas mortas numa cidade desabitada, cheia de gente que não se vê, que não se sente. Tantas horas, tanto silêncio, tanto vazio de vida.
Aqui, o silêncio não comanda e a música da vida é outra, composta pelo pensar que me comanda os sonhos, a vontade, o desejo, o medo e a revolta. Uma miríade de sentimentos aflorados na pele do meu corpo arrepiado, contidos nos olhos do meu rosto amargurado e triste, expostos nos meu lábios sorridentes e no futuro crentes.Sou, nestes momentos de silêncio exterior, tudo que há em mim, tudo o que me faz ser. E rio. E choro. E sonho. E desiludo-me. E acredito. E sinto, sobretudo sinto. Todos os momentos que compõem a peça da minha vida são importantes e determinantes para o que sou.
E eu já fui tanto e tanto ainda hei-de ser!
E não há lugar para arrependimentos, para me manter num passado que nada mais tem para me ensinar, que está já tão vazio como as ruas lá fora.
E não há espaço para memórias que não sejam as que me fazem sorrir, para palavras que sempre me encherão o coração e a alma de tudo que pode ser bom e, desta forma, recuperar-me o ser, fechar-me as feridas, perdoar e avançar até não mais doer.
O tempo que tenho para viver é demasiado importante e preciso vivê-lo com a maior das intensidades, com o foco de, no dia-a-dia, encontrar nas mais pequenas coisas, a felicidade.
No perfume das flores de laranjeira. No sal das gotas que salpicam do mar.
Nos teus olhos. No teu sorriso. No teu abraço. No teu beijo.


18.Abr.2014

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