quinta-feira, 23 de janeiro de 2020
A ti Mãe... V
O dia caminha já para o seu fim, sem o calor típico de Verão, num Agosto morno.
Caídas das árvores, há já folhas no chão, anunciando um Outono antecipado.
Por vezes a brisa é mais forte e faz-me arrepiar a pele. E nesse instante, nesse preciso momento, instintivamente, abraço-me e aconchego-me.
E, de forma mais premente que o habitual, tu vens-me ao pensamento.
O teu abraço. A tua mão no meu rosto, no meu cabelo, deslizando e puxando-me para o teu peito. Para o teu abraço.
Não! Não tenho memórias assim, tuas. Não! De todas as vezes que me abraçaste, fui eu que pedi. Que quase mendiguei. Que empurrei o meu corpo contra o teu e te forcei a fechar-me dentro dos teus braços.
Mas não faz mal. Não importa. O resultado era o mesmo: sentir-me segura. Protegida. Querida. Amada...
E não há, havia, melhor lugar que esse: o do teu peito e dos teus abraços.
E faltas-me. Tanto. Para além do demasiado. Para além da saudade. Muito, mas muito mais para além da ausência.
Quase dói. Quase não, dói mesmo. Como um nó na garganta que te sufoca. Como a falta de ar que quase te mata. Como... Não há "como" suficiente para comparar, para tentar descrever.
E rendo-me à tua não presença.
À tua eterna não presença. Ao teu nunca mais.
E volto a morrer.
Mais um pouco.
A cada lembrança tua.
Cat.
2019.08.29
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