quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Entrego(me)

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Sentir
O calor do teu abraço,
Acolhendo-me no teu corpo.
O sabor dos teus lábios,
Molhados e dos meus
Sedentos.

Sentir
O chão a fugir,
A pele a arrepiar
A vontade,
O desejo,
A me invadir.

Aperto(te),
Toco(te),
Saboreio(te),
Por inteiro!

Luxúria que me tenta,
Prazer que me alimenta,
O meu corpo (te) entrego...
No (teu) corpo me perco e me encontro!

Cat.
2019.10.17

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Entregar(me)

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e interiores

Saber que me queres,
Assim,
Sem subterfúgios vulgares.
A mim,
Sem o cliché dos mesmos lugares,
Num sem fim
De toques e suaves deslizares.

Sentir,
Que o desejo te invade,
Num deixar ir
Que o agora já é tarde,
E eu quero-te a invadir
O meu corpo não pela metade,
Inteiro, no teu ir e vir.

Perder,
A razão, o pensar.
Ser apenas prazer,
Neste tão nosso, nos entregar.

Cat.
2019.09.26

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Caminhar


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e pessoas sentadas

Caminhar.
Segura de que o dia vai, a dado momento, terminar.
E aí, descansar.
Deixar para trás a rigidez do corpo e do formatado pensar.
Desligar. Se possível for.
Permitir fluir, sem obrigar, sem orientar e apenas ser. Apenas deixar voar, vaguear.
Até adormecer. E aí não mais recordar, não mais sentir e suspender o viver.
Até acordar. E voltar a ter que caminhar.
E esperar que o hoje seja melhor que o anterior. Que o amanhã tenha mais para me dar, para (me) permitir, para sonhar e acreditar. Para que eu tenha vontade de (realmente) caminhar...

Cat.
2019.09.16

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Surpreendentes


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas
As pessoas são surpreendentes. Pelo bom ou mau lado. Mas ainda assim surpreendentes.

Ou talvez seja eu que assim ache.

Neste meu mundo de sonho ou ilusões, como habitualmente me dizem. Apesar de nada saberem de mim, das minhas dores, das minhas cicatrizes ou feridas abertas.

Mas sim, eu ainda me surpreendo com as pessoas.

Hoje, confirmei uma vez mais, que as pessoas que se mostram frias e, sobretudo, fazem questão de o mostrar e, grande parte das vezes, de o afirmar, são as mais quebradas por dentro. São as que, apesar da resmunguice, da doença que as assola, da falta de tempo e, muitas vezes, de dinheiro, mais fazem pelos outros. São as que mais se incomodam, preocupam pelos outros. Pelos que são indefesos e incapazes.

Pessoas que, para se defenderem de sentir (ainda mais do que o que sentem) verbalizam o que não são. Acho que com medo de se mostrarem verdadeiramente e de com isso serem usadas e voltarem a sofrer.

Pessoas que têm tanto para dar, tanto sentir, tanto carinho, empatia e até amor.

Pessoas que já sofreram. Sofreram demasiado. E que se fecham.

Pessoas inteligentes e que, por tanto sofrer, se acham burras. Literalmente burras. Por acreditarem nos outros, por darem mais uma chance, por amarem e, como diz o ditado, serem cegas.

Hoje, cruzei-me com uma dessas pessoas.

Pessoas que se fecham. À vida e aos outros. Porque acham que não vale a pena. Porque, apesar de quererem um abraço, preferem afastar com medo de sofrer.

Hoje tive a certeza que todos temos medo de sofrer. De ser enganado. De ser usado.

Hoje tive a certeza que todos queremos ser amados. Queridos. Abraçados. Reconhecidos. Mas sobretudo, ouvidos. E que alguém veja o quanto de bom há em nós. Apesar das falhas. Apesar dos erros.

Hoje conheci uma pessoa fantástica mas cheia de culpas que não são dela. Uma pessoa que não se perdoa por não ter visto os sinais, por não ter decidido de outra forma. Uma pessoa de alma (quase) negra e que deveria brilhar. Porque somos humanos. Porque estamos a aprender. Porque estamos a crescer. Porque desistir é impensável. Porque não queremos desiludir. Os outros e os seus (pre)conceitos e a nós.

Somos, por trás de capas de super-heróis, seres tão frágeis.

Somos tão carentes de empatia, de amor, de carinho... E é tão fácil dar. É tão fácil mostrar a alguém que vale a pena. Basta ver o que há de bom dentro dos outros. Há sempre algo de bom nos outros.

Hoje choraram no meu ombro. No ombro de uma desconhecia.

E eu choro agora por ver tanta gente perdida...

Cat.
2019.09.03

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

A ti Mãe... V

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O dia caminha já para o seu fim, sem o calor típico de Verão, num Agosto morno.
Caídas das árvores, há já folhas no chão, anunciando um Outono antecipado.
Por vezes a brisa é mais forte e faz-me arrepiar a pele. E nesse instante, nesse preciso momento, instintivamente, abraço-me e aconchego-me.
E, de forma mais premente que o habitual, tu vens-me ao pensamento.
O teu abraço. A tua mão no meu rosto, no meu cabelo, deslizando e puxando-me para o teu peito. Para o teu abraço.
Não! Não tenho memórias assim, tuas. Não! De todas as vezes que me abraçaste, fui eu que pedi. Que quase mendiguei. Que empurrei o meu corpo contra o teu e te forcei a fechar-me dentro dos teus braços.
Mas não faz mal. Não importa. O resultado era o mesmo: sentir-me segura. Protegida. Querida. Amada...
E não há, havia, melhor lugar que esse: o do teu peito e dos teus abraços.
E faltas-me. Tanto. Para além do demasiado. Para além da saudade. Muito, mas muito mais para além da ausência.
Quase dói. Quase não, dói mesmo. Como um nó na garganta que te sufoca. Como a falta de ar que quase te mata. Como... Não há "como" suficiente para comparar, para tentar descrever.
E rendo-me à tua não presença.
À tua eterna não presença. Ao teu nunca mais.
E volto a morrer.
Mais um pouco.
A cada lembrança tua.

Cat.
2019.08.29

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Solidão

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A solidão é uma porta aberta: apanha-te desprevenida e quando dás conta, está confortavelmente instalada.
Queres que saia, que se vá, que te deixe tão rápido quanto o chegou e... Nada. Apenas o silêncio. O constante silêncio da solidão.
Nada mais adentra dentro de ti como a solidão.
Nada mais se apodera de ti como a solidão. Por muito que dela necessites. E todos necessitamos. Em algum momento somos nós que a procuramos, somos nós quem a desejamos e a convidamos a entrar. E aí é fácil gerir a estadia.
Mas não é dessa solidão que falo. É da outra. Daquela que sentes quando os outros te desiludem. Quando os outros não agem de igual forma perante a vida, a amizade e o relacionamento. Aquela solidão em que sentes que apenas uma das partes dá. Tudo. Uma e outra vez. Aquela solidão que aparece nas pequenas coisas que, para ti são óbvias, mas para os outros nem com desenhos a mexer. Quando pensas que é tão simples colocares-te no lugar do outro, que não imaginas não o fazer, que te é inconcebível não lhe vestires a pele. Não conseguires pensar nos motivos, razões e decisões. Mesmo que jamais as tomasses de igual modo.
Quando te preocupas e pensas no bem estar dos outros mais do que quem o deveria.
Quando conversas de forma justa e compreensiva.
Quando, argumentas sem causar danos ou dor - porque a verdade dói, mas não precisa de ser bruta.
A solidão não é só ausência de pessoas. A solidão é, muitas vezes, a ausência de empatia...
A solidão é sentires-te deslocada, diferente e pensares que deverias, com toda a certeza, ser um ser, como a maioria, banal.

Cat
2019.08.18

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Amar(te)

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e ar livre

Podia escrever-te um poema que falasse de amor e do cheiro das flores na Primavera, do sabor dos teus lábios carmim e da falta de ti nos momentos em que a vida nos obriga a afastar.

Podia escrever-te uma carta em que exaltasse todo o meu sentir por ti e do quanto te quero na minha vida para todo o sempre.

Mas a vida não é um conto de fadas ou um filme romântico em que desencontros e opções de vida acabam sempre em bem, com todos os intervenientes felizes e a seguirem a sua vida com o amado ao lado.

Não, a vida não é um conto de fadas, de princesas e cavaleiros salvadores.

Não. A vida e o amor são duros, cheios de pedras no caminho, carregados de alegrias e tantas ou mais dores.

São feitos de cedências e de adaptação. São feitos a cada dia, a cada gesto, a cada palavra dita e a cada momento.

São feitos de muitas pessoas que não só nós. De pessoas que nos acrescem ou confundem. De tentações e ilusões. De amizade ou desilusão. E nós, dentro da nossa humanidade, absorvemos tudo isso. E mudamos. Mudamos sempre: o que sabemos, o que é (quase) empírico, o que sentimos, o humor e a disposição para ouvir o outro.

E o amor sofre mais do que possas imaginar.

Oscila neste corropio de sentires que nos avassalam a Alma. E muitas vezes a mente.

Podia escrever-te um poema ou uma carta, mas prefiro dizer-to, cara a cara, olhos nos olhos. Que te amo. Que me sinto amada. Que contigo são mais os momentos felizes que os de tristeza. Que os sorrisos abafam todas as lágrimas. Que nos teus olhos vejo o meu futuro e no teu colo tenho o meu porto de abrigo. Nos momentos bons, mas principalmente nos menos bons. Que és quem quero comigo, que és quem me compreende, quem me perdoa as falhas e me faz ser melhor.

Podia escrever-te, mas hoje, quando chegar a casa, vou correr para os teus braços, olhar-te nos olhos e dizer-te, somente e apenas: Eu Amo-te!

Cat.
2019.08.09

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Trazer(me)

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Trago nas mãos tudo o que construí, tudo o que afaguei, toquei e senti.

Trago nos braços todos os sentidos abraços dados, todos os seres que acolhi.

Trago no rosto sulcos vincados pelo passar dos anos, o reflexo de dias já passados e aqui espelhados.

Trago na boca todas as palavras proferidas, amáveis ou azedas, tolerantes ou zangadas, umas vezes profundamente sentidas, outras apenas para provocar feridas.

Trago nos olhos todas as tristezas e alegrias, todos os risos e todas as lágrimas que, por amor ou desilusão, por mim foram vertidas.

Mas o que trago na Alma é tudo isso e mais ainda. É tudo o que sou, tudo o que vivi e tudo o que sonho.
É (des)amor.
É (des)ilusão.
É (des)esperança.
Mas é, sobretudo, um acreditar. Em mim e nos outros. Até prova em contrário.

Cat.
2019.08.05

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Pertencer(te)


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Louca.
Louca de tanto querer(te).
De tanto desejar(te).
De tanto (te) amar.

Louca.
Esta vontade
De me abrir e de te receber.
Dentro de mim,
Do peito,
Da Alma
e do corpo.

Nesta pele que te anseia,
Neste sexo que te deseja,
Imponente,
Ocupando-me as entranhas,
Fazendo-me gemer
e pedir mais
e gritar
de tanto prazer.

Louca.
Dar-me(-te) vezes sem fim.
Louca.
Pertencer(te) assim.

Cat.
2019.06.26

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Sinto(te)

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Sinto-te aqui,
Como se estivesses presente.
O teu cheiro,
O teu calor,
O teu sabor na minha boca.
A tua mão deslizando,
Doce e levemente
Pelo pescoço em direcção
Ao meio do peito.
Respiro.
Fundo,
Ansiosamente.
Quero-te!
A boca nos seios,
Brincando,
Provocando,
Mordendo.
Sorvendo-me.
Quero-te!
No meio das minhas coxas,
Abrindo-me,
Tocando-me,
Provando-me
Devagar, provocando-me
E enlouquecendo-me.
Ai! Quero-te!
Que o meu prazer por ti,
Para ti,
Mesmo sem te ter presente,
Já não demora!

Cat.
2019.07.25

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Deixo-me levar

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas a dormirem, pessoas sentadas e closeupDeixo-me levar
Nas memórias do que já vivemos
Num misto do que foi
E do tanto que ainda temos.

Momentos que ficam,
Impunes,
Indeléveis,
Marcados na pele.
Gravados na mente.
Cravados na carne,
De dois corpos que se amam.
De duas mentes que se completam.

Relembro,
A cada hora do dia,
O sabor do teu beijo,
O calor do teu abraço,
Eternamente guardados,
Cá dentro.

Anseio,
Desejo premente,
Urgente,
Quase demente,
Este de te querer,
Insana e loucamente.

Ontem, hoje e para todo o sempre.

Cat.
2019. 07.25

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Fugir(me) III


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É verdade que ando fugida.
É verdade que ando com um humor que nem eu sei descrever. Ora acutilante a roçar o azedo, ora apenas sarcástico.
As mudanças na vida estão a acontecer a um ritmo alucinante e as incertezas, o receio do que aí vem estão a dominar-me a mente mais do que o desejável.
As inseguranças nas minhas capacidades são mais que muitas.
E não sei porquê.
Sei que sou inteligente. Sim, sei e sem qualquer modéstia.
Sei que sou capaz de ultrapassar desconhecimento. Abençoada internet que facilita o acesso à informação.
Sei que tenho uma capacidade de compreensão e apreensão acima da média. Tenho provas disso em toda e qualquer tarefa a que me proponha.
Tenho provas disso quando prevejo situações e as evito antecipadamente.
Tenho tudo e, cá dentro, nesta mente que não pára, acho que não tenho nada.
Sinto que há mais pelo que falhar do que pelo acertar.
Sinto que... Sei lá o que sinto!
Sinto medo. Sim, um medo irracional de não cumprir, de falhar, de não corresponder às expectativas.
E o eu racional sabe que nunca aconteceu. Sabe que hei-de sempre suplantar-me e resolver tudo e qualquer coisa que esteja ao meu alcance.
E o eu emocional, como um bichinho na cabeça, está sempre com o "e se...?" em background, tipo mensagem subliminar a plantar dúvidas.
Às vezes penso que não sou normal. Que se sei não devia duvidar.
E há dias em que tento perceber o que me leva a pensar que falharei, se nunca falhei.
E a única certeza que acabo por ter é que a nossa mente é um complexo mundo, dividido entre o que sabemos e o sentimos. O racional e o emocional.
Enquanto andar perdida nesta estóica necessidade de (auto) compreensão andarei fugida dos outros, tentando encontrar a Mim.

Cat.
2019.06.26

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Fugir(me) II

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Vida que de mim foges,
Lenta e não veloz.
Abandonas cada pedaço de mim,
Cada célula, cada veia
A cada bater de coração.
Vida que me deixas,
Sozinha e inerte,
Neste corpo que quase não se mexe,
Que vai acabar de existir.
Vida,
Tem pena de mim e parte,
Deixa-me acabar com a minha má sorte,
Com todo o sofrer,
Com toda a dor,
Que este corpo está cansado,
Farto de correr,
Vazio de chama e ardor.
Vida que ainda estás em mim
Solta-te,
Afasta-te daqui,
Que esta carne já só padece,
Apodrecida pelo passar de cada dia,
Mortificada,
E só desejo, de ti, ficar vazia.

Cat.
2019.05.25

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Fugir(me) I

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Sinto a vida fugir-me
A cada respiro,
Sugada para fora de mim.
Estou a ruir-me,
A cada batida de coração
E a cair sobre mim.
Esvair-me
Como sangue que corre,
Que sai de dentro de mim.
Perder-me
Fora do que é sentido
Num sentir que chega ao fim.
Esquecer-me
De respirar,
Sufocar-me
Com a falta desse ar,
Tranquila,
Com a certeza de que não quero resistir,
Que a esta sina não quero fugir,
Nunca mais padecer
E deixar-me,
Simplesmente,
Morrer...

Cat.
2019.05.25

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Dentro de mim


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A noite há muito que se impôs. No céu não há lua e as estrelas brilham, longínquas e num ténue cintilar. Há uma névoa no ar que impede que se vejam com a clareza necessária.

Tal como aqui, dentro de mim.

Há coisas que não se vêem e no entanto passam por nós, dão-nos sinais. Mas às vezes estamos como a noite de hoje: com a visão turva. A visão da mente, do pensamento, do raciocínio e das decisões. Turva. Nebulada. Sem perspectivas. Como se uma cortina tapasse o futuro.

Mas o futuro é sempre uma incógnita.

Mas umas vezes mais incerto que outras.

Mas a vida é isto: um caminho que se faz a cada passo no incerto.

Não depende só de nós. E nós não temos todas as cartas na mão para, mediante a necessidade de decisão, podermos escolher avançar ou recuar ou apenas esperar sem se mover.

Vamos tendo sinais, dicas, reais ou instintivas, de que caminho seguir, como as guias brancas numa estrada que nos permitem avançar sem sair do caminho. Lenta e num misto de receio e confiança.

Sim, a noite está envolvida em névoa feita mistério. E a minha mente, está cega, sem conseguir prever o dia que o amanhã vai trazer. E as decisões que me vai obrigar a fazer.

Cat.
2019.05.24

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Talvez


Talvez um dia eu escreva sobre o que já vivi, em jeito de memórias, em jeito de biografia.Talvez. Mas hoje, só por hoje e neste agora, escrevo sobre o que sinto. Numa espécie de linha temporal, numa espécie de diário dos meus sentires. Dos meus altos e baixos. Um espelho que nada tem de imparcial, apenas uma descrição pessoal e carregada de tendência. A minha perspectiva do que vai acontecendo sem tirar conclusões, sem fazer análises profundas ou levianas.
Sem necessidade de apoio ou crítica, sem esperar sequer que pensem ou opinem e muito menos que daqui ensinamentos tirem.
Deixar a caneta fluir tanto quanto os pensamentos. Tanto quanto a minha volatilidade como ser sentinte que sou. Tanto quanto os meus sorrisos fáceis ou lágrimas sofridas. Tanto quanto a minha humilde humanidade permitir. A felicidade de uma alegria ou a dor de uma tristeza, o (des)amor ou a frustração de um revés.
Sentimentos exclusivos, que são só meus e que pretendo nunca esquecer.
Talvez um dia eu venha a escrever sobre as lições da (minha) vida.
Mas hoje quero apenas escrever sobre o conjugar do meu verbo sentir.

Cat.
2019.05.13

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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Sem chão

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Caminho sem chão
Feito núvem negra,
Vazia de sensação,
Quase uma regra
De tanta repetição.
Cair, apenas cair,
E saber de antemão
Que não há palavra ou descrição
Com ou sem razão
Para traduzir,
Transmitir,
Este sentir,
Que parece ser em vão
Não importa qual a decisão.
Há que andar,
Para a frente caminhar,
Sem muito pensar,
Deixar os dias passar
Porque não agir,
Apenas seguir
E deixar-se ir,
Nem sempre é fugir,
Às vezes é apenas
A única solução.


Cat.
2019.05.03

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Demasiado, talvez...


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Há momentos em que, apesar da companhia, estou sozinha. Não há conversas. Não há troca de palavras, de ideias, de acontecimentos, de vivências.
Há solidão.
Há aquele silêncio que se impõe apesar do burburinho das vozes na televisão.
Há um não haver. Um nada que quase se consegue tocar de tão intensa a sua presença.
E olhas a sala e não estás sozinha. Não te falta companhia.
Mas há silêncio.
Há solidão.
E há a tristeza que te vai invadindo.
A tristeza de não haver nada para contar.
A tristeza de sentires que a tua vida, se calhar, não é vivida como deveria.
A tristeza de sentires que não consegues combater e o silêncio que vai crescendo entre nós...
Há dias em que este silêncio é bem-vindo.
Há outros em que só me agonia. Em que me deixa entregue a um pensar pequeno, em que tudo é pequeno na minha vida, em que, principalmente, eu sou pequena. Em que não consigo surpreender(te). Em que não consigo manter(te) o interesse. Em que não consigo requerer(te) a atenção. Em que não (te) sou suficiente.
Síndrome de Princesa, talvez.
Insegurança, talvez. Medo, talvez.
Apenas por (te) amar. Por (te) querer. Por nunca me cansar. Por nunca ser demais. Demasiado, talvez...

Cat.

2019.04.25