segunda-feira, 18 de março de 2013

Sem dúvida

A manhã vai-se anunciando no seu ritmo alucinantemente certo e sem qualquer pudor. O vento é dono do dia e agita os passos já de si apressados de quem se aventura no inicio do dia. Os sons das folhas duras e verde-escuras das japoneiras roçam-se entre si e o burburinho a mar passa despercebido neste novo tenso e inconstante agitar e as flores de pessegueiro vão voando a cada novo suspirar de vento criando uma chuva de pequenas gotas cor-de-rosa.
Aqui dentro apenas o sol nos invade iludindo-me os sentidos com a sua cor forte e deixando-me a desejar que este momento não avance, que se retenha apenas com estes sons que me acalmam o sentir, que me fazem não pensar.
Mas é inevitável que a mente se agite aos caprichos do vento e os pensamentos se deixem levar nesse rumo sem destino, sem respostas, sem a sabedoria das certezas que todos os dias questionamos e desejamos. Por vezes somos impotentes contra o revirar do caminho e deparamo-nos com novos muros que parecem impossíveis de transpor e parámos, quedando-nos num marasmo de aparente incapacidade. Mas nada é imutável: nem o vento para sempre sopra, sem o sol sempre brilha, nem os sentimentos não se transformam, nem os pensamentos têm sempre a mesma rota e até as certezas se tornam dúvidas.
Mas há um pensamento que sempre me domina, um sentir que me controla e alimenta e sobre o qual não há dúvida: que o meu amor por ti aumenta a cada dia que recomeça, a cada hora que passa, a cada minuto que se gasta...

23.Fev.13



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