segunda-feira, 25 de março de 2013

Não viver


A noite caiu com a certeza de que chegou o momento de deixar repousar a luz do dia.
Os passos apressados no passeio feito de calçada e ladrilhos gastos, vão diminuindo de intensidade contrariamente ao crescer de uma lua quase branca.
Aqui, já escureceu há muito e a luz desse satélite reflector não tem qualquer domínio ou possibilidade de fazer iluminar o mais ínfimo detalhe do que me rodeia.
E hoje, só há vazio. Vazio e um frio que não há forma de desaparecer. Tomou conta de mim, começando por me beijar demoradamente a pele, como se de um enamoramento se tratasse, deixando que me entorpecesse os sentidos entranhando-se.
Agora já domina toda a minha carne, o sangue já não corre com o vigor de antes, já não fervilha sem temor. E o coração, esse, é pedra que escurece e apodrece num corpo que hoje não vive.

18.Mar.13

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