O dia já se deu por vencido e cedeu o seu lugar ao negro da noite.
Há vento a acompanhar a sua partida.
Um vento demasiadamente ameno para um qualquer dia de finais de Novembro.
Há vento a acompanhar a sua partida.
Um vento demasiadamente ameno para um qualquer dia de finais de Novembro.
Não há vontade de ceder às vitrines das lojas enfeitadas com as cores e
adereços típicos de Natal. Não há espírito para nos perdermos no
descontrolo das compras, das prendas e das lembranças (a)típicas
habituais.
Nas ruas os passos não se
apressam para regressar a casa, tudo é compassado e tudo acontece como
todos os dias, num ritmo que nos entorpece os sentidos e em que hoje é
igual ao ontem e será igual ao amanhã. Uma cadência que não se sente,
que passa por nós sem fazer mossa, sem se fazer ver, ouvir ou sentir.
Um dia após o outro. Iguais, em nada divergentes, em tudo indiferentes.
Um virar de páginas vazias. Não aproveitadas. Perdidas. De nada escritas. De nada preenchidas, senão de fúteis banalidades.
E eu, aqui dentro de mim, sou tão mais que este vulgar passar de tempo.
Carregada de sentimento. Imersa em vontades. Cheia de um milhão de
pensamentos.
Plenamente confiante de que as minhas páginas não se perdem no branco do tempo corrido.
Aqui, dentro de mim, faço, a cada dia, o exercício de preencher o meu livro, a minha vida.
2017.11.22
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