quinta-feira, 29 de maio de 2014

Não! Não chega!



Há dias em que sinto a tua falta. Demasiado. Bem cá dentro, no fundo do peito, umas vezes como uma dor suave e doce, estável, constante; outras como se um vazio me enchesse desse nada que se espalha, aqui, na zona do coração e apenas vácuo o preenchesse. Nada de sangue bombeado, vermelho e carregado de vida. Não! Apenas um vazio imenso.

Há dias em que a tua voz não me é suficiente. Nem nada que se pareça. O sussurrar dos teus lábios debitando palavras banais de dias partilhados são melodias que me inebriam os sentidos e desejo que nunca, nunca páres de falar. De ME falar. De TE partilhares comigo nas mais pequenas e singelas coisas do dia-a-dia. De me sentir parte da tua vida.

Há dias em que o teu toque é ínfimo para as minhas necessidades. Demasiado. Não que não te sinta, que não me toques o rosto, olhando-me nos olhos, falando-me sem palavras de um amor que nos une, antes de me beijares. Mas é pouco, tão pouco. Nem todos os beijos, nem todos os abraços, nem todos os toques carregados de desejos impressos na minha pele, na minha carne sob todas as formas que inventas para me amar, para me fazer tua e a mim te entregares, me chegam.

Não! Não chega!

Porque há dias em que o meu sentimento por ti me ultrapassa, me trespassa e eu sou apenas a que te ama, incondicional e eternamente. E isso, não cabe em mim, não me preenche assim, fácil os momentos em que não estás comigo. É como se me faltasse o ar para respirar. É como se eu quisesse em ti me misturar, em ti para sempre ficar.
 
 
 
29.Maio.2014

Entrego-me



Entrego-me
Ao sabor húmido da tua boca nos meus lábios,
Da tua língua lutando com a minha,
Do teu gosto misturando-se com o meu.

 Entrego-me
Ao toque das tuas mãos na minha pele,
Que se arrepia perante o frenezim
Da tua vontade imprimida na ponta dos dedos
Apertando-me,
Marcando-me e obrigando-me a dizer que sim.

Entrego-me
Ao teu desejo incessante
De me ter subjugada a essa vontade
De horas plenas de luxúria,
De fantasias e personagens inventadas,
Que nos aumentam a líbido
Em gemidos que crescem de tom,
De ritmo, de intensidade.
E, o teu corpo,
Dentro do meu,
É animal sem rédeas, sem controle,
Cavalgando desenfreado,
Acabando com a sede
De nos amarmos,
Matando-nos esta fome!
 
 
28.Maio.2014

XXI Verdade Irrefutável


O prazer de te ter.
O prazer de me dar.
O prazer de nos pertencer e de tudo, à volta desse centro de amar, girar e (fazer) acontecer.


27.Maio.2014

Porque é na pele

 

Porque é na pele que se sente,
O quente dos teus beijos
Sugando-me a língua,
Despertando desejos.

A delicadeza das tuas mãos,
Tacteando-me,
Percorrendo-me os trilhos
Já desenhados
E sempre redescobertos.

O sussurrar de palavras
Ditas sem decoro ao ouvido,
Levando-me ao delírio
Na expectativa de as sentir.

A força do teu querer,
Penetrando-me a carne,
Fazendo-me desistir
De te enfrentar e provocar,
Deixando-me tomar,
Dominar e só obedecer,
Pertencer-te,
E por ti,
Em ti,
Me deixar levar pelo prazer.

A ternura do teu abraço
No meu corpo já beijado,
Tocado,
Suado,
Amado.

Porque é na pele que se sente,
O arrepio de,
Por ti,
Ser amada!
 
27.Maio.2014

Nas tuas mãos


É nas tuas mãos
Que a pele arrepia
De desejo contido
No momento do abraço
De corpo inteiro
Feito de vontades
Ainda por realizar.
E a carne vibra
De prazer incontido
Libertado no consumar
Do teu penetrar
Durante o acto
Louco,
Desenfreado,
Apaixonado,
Do teu me amar.

E é nas tuas mãos
Que tudo começa,
Que tudo se inventa,
E eu me entrego
Sedenta
De ter o teu amor,
No frenesim de me sentir,
Só contigo,
Plenamente completa!


23.Maio.2014

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Silêncio XII

 


Um dia o silêncio
Deixará de se calar
E todas as palavras
Ficarão retidas,
Contidas,
Guardadas,
No meu não falar.

Um dia o silêncio
Será rei e senhor
De todos os meus pensamentos,
De todo o meu ser
E de todos os meus sentimentos.

Um dia o silêncio
Acabará por vencer,
Perderei as forças que me fazem lutar,
Deixarei os braços tombar
E a mão deixar de agarrar.

Um dia o silêncio
Tomará conta de mim
Se as palavras continuares a calar,
Excepto se demonstrares, 
Se me disseres que sim,
Que vale a pena continuar
A te amar.
 
 
 
22.Maio.2014

Há um arrepio

 
Há um arrepio
Que me descontrola,
Me desconcerta o pensar
E me desperta o querer.

Há um arrepio
Que me faz o corpo estremecer,
Me deixa sem saber
Onde estou, o que fazer.

Há um arrepio
Que me invade,
Me enche de uma vontade
De querer apenas sentir a carne.

Há um arrepio na pele,
Quando a tua boca me beija,
Quando os teus braços me abraçam,
Quando os teus dedos me percorrem o corpo,
Despindo-o,
Apertando-o,
Fazendo-me tua.

Há um arrepio na pele,
Quando por ti sou amada,
Que me preenche toda,
Completa,
Até à Alma.
 
 
22.Maio.2014

Vontade

 
Vontade
Do roçar dos teus lábios
Na pele que se arrepia,
Da tua língua a deslizar,
Molhando-me,
Dos teus dedos a acompanhar,
Entrando e saíndo
No centro do prazer,
Fazendo-me gemer,
Fazendo-me contorcer,
Fazendo-me gozar.
 
 
22.Maio.2014

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Mulher que sou



Sei que não foi por esta
Mulher
Que te apaixonaste.

Sei que fiquei como
Mulher
Áquem das expectativas criadas
Em momentos de louca paixão.

Sei que sou um fracasso de
Mulher
Igualmente insegura,
Inconstante,
Imatura,
Como (muitas) outras.

Sei que não correspondo à
Mulher
Dos teus sonhos,
Mas a vida é feita todos os dias,
De situações imperfeitas,
Incontroláveis.

Sei que não sou a perfeita
Mulher
Que desejas,
Que há imperfeição em cada pedaço de mim,
Em cada palavra que digo,
Em cada frase contida.

Sei que sou uma
Mulher
Que se esforça por ti,
Pelo sentimento que nasce aqui,
No peito,
Cá dentro.

Sei que sou mera
Mulher
Mas que te ama
E te espera,
Que te aceita com defeitos e virtudes,
Todas as que te fazem.

Sei que sou apenas
Mulher
E que sonha e sofre,
E que luta e se desdobra,
E compreende (por vezes) o impensável,
E acredita,
Que o amor tudo vence.

Sei que sou
Mulher
A precisar de um abraço,
De uma palavra,
Da firme certeza do teu amar,
Não quando sou perfeita,
Mas quando mais frágil,
Quando mais insegura,
Quando mais imperfeita,
Aos teus olhos estou.
 
 
21.Maio.2014

Gritar

Gritar,
Soltar este sufoco
Agarrado,
Preso,
Contraído no peito.

Gritar,
O sentir que aqui anda,
Que me desgasta,
Que me mata.

Gritar,
Que a dor vem de dentro,
E que o amor não se esgota!
 
 
21.Maio.2014

Perdida VII

 

Perdida
Num mundo de gente oca,
Sem conteúdo que seja relevante,
Que faça com que cresça,
Com que seja mais e melhor.

Perdida
Em cópias de gente
Igual e repetida
Em série nos dizeres,
Nos pensares que são apenas bonitos.

Perdida
No vazio de conversas fúteis
Sobre temas superficiais.

Perdida
No sentir que não rumo
No sentido de todos os outros,
De uma maioria
Que não me guia,
Nem me orienta.

Perdida
No pensar que penso diferente,
Que não me assemelho no pensar desta
Vazia corrente.

Perdida
No admitir que sou demasiado,
Estranha,
Diferentemente,
Exigente.
De mim,
Dos outros e
De toda a gente.
 
 
21.Maio.2014

Cansaço



Cansaço,
É o que sinto.
Cansaço do vazio em que os dias se tornaram,
Em que as horas de prazer se deixaram substituir por...
Enfado.
 
Cansaço da solidão que me invade
Perante o silêncio da tua presença...
Indiferente.
 
Cansaço de um monte de palavras que jorram de mim
Sem nada que se aproveite e soem desmedidamente...
Ocas.
 
Cansaço de actos que passam despercebidos
Perante um olhar demasiado perdido,
Longínquo de mim.
 
Cansaço de lutar por um sorriso,
Por um abraço,
Por um obrigado,
Perante o esforço que,
Mesmo me ultrapassando,
Faço.
 
Cansaço que evito,
A cada momento em que olho nos teus olhos,
Em que vejo o teu sorriso.
 
Cansaço que não me vence,
Mas que marca passos no meu sentir.
 
 
21.Maio.2014

Desistir, ansiar


Desistir...
Deixar de respirar
Este ar que me sufoca,
Que me atrofia,
Que me pesa nas costas.

Desistir...
Olhar os dia sem expectar
Que a dor vai,
Num sopro de vento
Que surge inesperado,
Deixar de cá estar.

Desistir...
Aguardar que o tempo,
Comandado pelo silêncio,
Devoto do ignorar,
Do desprezar,
Passe sem se demorar.

Ansiar...
Esperar que o sentir mude,
Que voltem os lábios a sorrir
E o teu beijo me volte a beijar
E as tuas mãos a minha pele tocar,
Os teus braços o meu corpo
De novo a abraçar,
E a única palavra que se vai ouvir,
Que vamos partilhar,
Será amar.


21.Maio.2014

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Apetece-me



Apetece-me,
Sentir o cheiro do teu perfume,
Espalhado pela casa,
Nas roupas que vais despindo
E largando pelo caminho.

Apetece-me,
Sentir a tua pele,
Suave,
Quente,
Na ponta dos dedos,
Deslizando-os devagar.

Apetece-me,
Provar-te o gosto da pele,
Na língua que em ti rasteja,
Arrepiando-te,
Aguçando-te os sentidos,
Desafiando-te a vontade.

Apetece-me,
Provocar-te com o olhar,
Com um quase os teus lábios beijar,
Descer e,
No teu peito,
Iniciar o frenesim,
Do calor da minha boca sentir,
Do molhado da língua antever o a seguir.

Apetece-me,
Ajoelhar,
Despir-te o que ainda faltar,
E a boca encher
Com o teu membro erecto,
Duro de tanto querer e,
Num ritmo por mim marcado,
Fazer-te sentir
A loucura do prazer
Num delirante vir.

Apetece-me,
O teu sabor em mim,
Enchendo-me,
Sufocando-me de ti,
Apetece-me!
 
 
20.Maio.2014

XX Verdade Irrefutável


Só te quero enquanto me quiseres, mas continuarei a amar-te, até ao fim do meu respirar.


20.Maio.2014

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Indefesa



Indefesa,
Nos lances que o teu olhar,
Desafiador,
Investe sobre as minhas vestes,
Adivinhando
O arrepiar da pele,
E o sorriso que se entre-abre,
Mostrando o brilho da boca
Sedenta
De se juntar à tua.

Lábios que se tocam,
Desvendando sabores
Em movimentos lentos,
Subtis,
Provocadores.

Língua na língua,
Numa luta desenfreada
Demonstrando a vontade,
O desejo que aumenta.

Mãos que se tocam,
Que se largam,
Que exploram os contornos dos corpos,
Ansiando o afastar das vestes,
Que a pele e a carne já desesperam!

Dedos que tacteiam
Pontos escondidos,
Desvendados por gemidos
Soltos no meio de um beijo,
Deslizando,
Humedecidos,
Pelo tesão provocado,
E,
Invadida me sinto,
Uma e outra e outra vez,
Até me entregar,
Rendida,
Ao supremo prazer,
De assim,
Indefesa,
Te pertencer.
 
 
19.Maio.2014

Talvez...

 

É estranho quando no meio de tantas almas, de tantos sorrisos, de tantas palavras soltas e ditas em momentos infindos, a solidão e o vazio permaneçam. Sejam prementes no peito. No corpo. No coração.
Talvez eu seja demasiado exigente com os outros.
Talvez eu seja demasiado intransigente com os que me rodeiam.
Talvez eu não me dê como deveria: de forma leve e superficial.
Talvez eu me devesse rodear de mais pessoas.
Talvez eu devesse não me entregar desta forma: completa e totalmente.
Talvez eu devesse reservar-me um pouco mais.
Talvez devesse guardar-me um pouco mais.
Talvez...
Talvez devesse deixar de tentar ser perfeita. A cada dia adaptar-me e crescer e melhorar.
Talvez devesse ser mais egoista. Mais descontraída. Mais dada aos meus defeitos.
Talvez assim, me sentisse menos gorada nas expectativas de receber o quanto (penso que) dou.
Talvez devesse deixar-me apenas levar pelo correr das horas, como folha manietada pelo vento, avançando ou recuando, fazendo ou não.
Talvez...
 
 
15.Maio.2014

Escorre-me


Escorre-me
Pela pele molhada,
De gotas salivada,
A ânsia do teu querer.
 
Escorre-me
Pelo corpo a vontade,
De sentir a tua boca
Lânguida,
Demorada e lenta,
Desenhando-me desejos.

Escorre-me
Pela carne o tesão
De me querer em ti perder,
De te querer em mim a entrar,
A tomar,
A me fazer te pertencer.

Escorre-me
Pelas entranhas o líquido
Que louca,
Demente e
Insanamente
Em mim derramas,
Num momento
Em que os corpos
São apenas e tão somente
Um.
 
 
13.Maio.2014

terça-feira, 13 de maio de 2014

A hora que mais me dói



É esta a hora que mais me dói.
Quando o corpo se deixa cair no leito, despido dos despojos do dia, nu das vestes que fazem a vida contida.
Quando o silêncio que me rodeia cede lugar ao ruído da mente que, ainda demasiado desperta, fervilha com palavras e imagens. Memórias, recentes do dia ou antigas. Lembranças de cheiros ou sons, de músicas ou gargalhadas, de lágrimas alegres ou tristes de dor, salgadas.
 
No meu hoje, analiso e apercebo-me que há menos para viver do que o já vivido.
E eu vivi tão pouco! E eu quero viver tanto mais!
 
É esta a hora que mais me dói.
Quando os anos por vir são menos do que os vividos. Quando as horas dormidas são imensamente mais que as ainda por viver. Quando os minutos se tornam preciosidades, que temos de explorar e aproveitar de forma a termos no rosto espelhado o sorriso da felicidade. Preciosidades que não se guardam, que se esquivam e acabam sem possibilidade de retorno, de voltarem.
 
É esta a hora que mais dói.
Quando me apercebo que te vou ter por pouco tempo. Mesmo que seja até ao meu último fôlego, para o quanto te amo e te desejo, é tão pouco o tempo.

11.Maio.2014

Ficar

 
A noite já nos invadiu com a sua ausência de cor, escurecendo os recantos das esquinas das ruas desertas de gente, pois o fresco é intenso na rua. Não há ruídos que invadam a calçada, nem risos ou sequer vozes abafadas pela distancia que o vento encurta.
Silêncio. Absoluto. Como se o tempo se tivesse tornado contrário à sua essência. Suspenso, parado, calando os ponteiros dos relógios tornando-os no reflexo de uma eternidade.
 
Cá dentro, há vida. E há tempo. E há um coração que bate, descompassado perante a inércia do outro lado da janela.
 
Cá dentro, de mim, há palavras que não me deixam descansar o corpo como ele deseja, fechar as pálpebras e tornar-me igualmente morta, suspensa e silenciosa, como lá fora.
Há palavras que não me acalmam a mente, que se repetem incessantemente, como proferidas agora, neste preciso instante. E dói. E magoa. E ferem. E trazem-me a vontade de desistir, de largar e de voar sem pena do que vai ficar, do que vou deixar.
 
E ficaria, deixaria demais. E doeria demais, ainda mais.Porque eu quero ficar.
Porque o que me prende é forte demais, cada vez mais.
Porque há (outras) palavras que me enchem o coração, a alma e me completam a essência.
E há o olhar(te) nos olhos que, silenciosos como a noite, gritam palavras de amor, de partilha, de luta e dessa vontade de caminhar(mos) no dia-a-dia.
 
E há o deitar no leito e o teu calor ser meu por inteiro...
 
 
10.Maio.2014

(Apenas) Ser tua

 
Hoje quero
Sentir o teu desejo
Percorrer-me as formas
Desta pele que é volúpia,
Que é arrepio entregue
Aos desejos da luxúria.

Hoje quero
Que me tomes,
Sem rodeio, sem atrasos,
Nas tuas mãos
Conhecedoras dos meus pecados,
Sabedoras das minhas vontades.

Hoje quero
Pertencer-te sem fronteiras,
Entregar-me sem pudor
Aos devaneios que tenhas,
À loucura do frenesim
Que me faz o meu corpo vibrar
A cada vez que te sinto,
Louco, forte, potente,
Em mim a entrar,
O meu ventre a dominar,
Do meu delírio controlador.

Hoje quero
(Apenas)
Ser tua!


09.Maio.2014

Thoughts XXVI


E no correr do imaginar
Percorrem-se caminhos
Que nos fazem perder
Em sonhos incontidos
De quereres (in)atingíveis,
De prazeres controversos,
De vontades partilháveis.


05.Maio.2014