sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Amar




Não há um dia em que não pense naquele sentimento.
Surge como do nada, acompanhado de uma brisa com aroma a mar. Ou com as folhas de cor âmbar caídas no passeio, à porta de casa. Ou com a imagem da cidade no espelho que o rio reflecte naqueles instantes em que a água não procura o seu chegar.
E pensa naquele homem, de olhar doce e profundo, de sorriso franco e libertador, carregado de uma esperança que trazia felicidade no andar.
E naquele sentimento.
E atrás dele, um turbilhão de outros mais.

Sentimentos que não descreve de forma fácil, descontraída ou levianamente.
Pelo contrário: guarda-os.
Prende-os na garganta e empurra-os para baixo. 
Engole-os. 
Mas antes mastiga-os, tritura-os muito bem,  por entre os dentes cerrados, sob os lábios de rubro pintados.
E os seus olhos brilham perante tamanho sufocante esforço. Brilham, primeiro de raiva. E trinca, tritura. Depois de desilusão. E engole, sôfrega, toda a infelicidade. Por fim, a pena. De si e do que não foi. Ou do que foram. E tenta saborear cada mínimo pedaço que ficou na sua boca, por deglutir. Tenta reconstruir os sonhos que teve, em cenários que nunca existiram.
E o olhar, de um instante para o outro, deixou de brilhar, tornou-se vibrante, e o corpo, assumiu, respirando profundamente, as rédeas daquele instante.
E partiu. Resolvida a não pensar, a não voltar a viver aquele sentir que a faz perceber que, muitas vezes,  amar também é partir.
18.Dez.13

Arrepio




Sinto um arrepio,
Feito do sopro de um sussurro
De palavras ditas
Em segredo,
Junto ao ouvido.

Sinto a pele
Que se entrega,
Sem demora,
Ao delírio
De um querer
Que não se conta,
Que é segredo.

Sinto-te o corpo
Quente, vibrante,
Poderoso no tomar,
Intransigente no tocar,
Indulgente no prazer
De me fazer te pertencer,
E tão ardentemente,
Te desejar.
 
17.Dez.13

Palavras




Há palavras que se retêm na boca,
Presas por entre os lábios
Quentes e molhados de beijos
Intensos,
Trocados em momentos
Na memória gravados.

Há palavras que desejam soltar-se,
Gritar todo o sentir,
Todo o sabor
E todo o poder
Deste nosso partilhar,
Deste nosso querer.

Palavras que não descrevem
O doce sabor do beijo
Roubado por lábios
Sedentos desse (teu) gosto
Que (me) vicia e domina.

Palavras que se acanham,
Que são pequenas,
Parcas,
Carregadas de insignificância
Perante tamanho sentimento
Que me une a ti.
 
Palavras que coram
De um rubro carmim
As faces do meu rosto
Após o teu abraço
Dado em todo,
Por todo,
Este meu corpo,
Por esta pele
Que tocaste,
Por esta carne
Que provaste
Tomaste como tua,
Sem que palavras fossem ditas,
E apenas gemidos,
De um louco e insano prazer,
Fossem proferidos.

Há palavras que nunca nos saiem do corpo...
 
 
16.Dez.13

Sem ti




A noite reina num céu carregado de pequenos pontos luminosos em que apenas os solitários, os desesperados se atrevem a olhar e, o frio mostra que está no auge através da nuvens quentes que se formam ao ritmo do respirar.
As pedras da calçada brilham com o gelo sob um luar que não aquece nem o ar, nem uma réstia de esperança.
Aqui, o calor contrasta com a paisagem gravada nas janelas.
Aqui, vive...-se a vida de quem é amado, de quem ama incondicionalmente. E eu amo-te assim: incondicionalmente.
Sem restrições.
Sem razão e consciente.
Sem receio e temente.
Sem porquês e questionando.
Tudo e ao mesmo tempo nada. Nada e ao mesmo tempo tudo.
Um amor que me invade por completo, que me extravasa, que me ultrapassa.
Um amor sem o qual não respiro e que me sufoca.
Vejo-te ao meu lado, deitado e, de olhos fechados, sonhando e tenho a certeza que não vivo sem ti.
E tenho a certeza que te amo mais que a mim.
E tento, a cada dia, matar-te um pouco em mim porque preciso não depender tanto assim, porque preciso amar-te na medida de tu a mim, porque preciso aprender a gostar de mim e a viver só, sem ti.
 
11.Dez.13

Ténue



Ténue o toque
De um sol suave
De Inverno
Que me toca a pele,
Doce,
Ao ritmo de um respirar
Lento,
Que saboreia o passar
Dos segundos de forma
Intensa.

Ténue o som
Da vida no passar
Dos teus dedos
Que me acariciam
O corpo
Despido,
Deitado no leito
Em que nos amamos,
Em que nos pertencemos.
 
Ténue o sabor
Do teu corpo
Suado de me amar,
De me fazer mulher,
De me deixar
Louca
De tanto e insano
Prazer
Que me ofereces,
Quando frenético,
Me penetras,
Me preenches por dentro.

Ténue o bater
Do coração,
Meu e teu unidos,
Compassados,
Num absorver
Desta tão grande,
Imensuravel emoção,
De tamanha adoração,
De tão forte sentir
Que me acalma a alma,
Me desassossega a pele,
Me entorpece o pensar,
Me desperta os sentidos.

Ténue cada palavra
Sussurrada ao ouvido,
Cada lembrança
Gravada na memória,
Cada promessa
Dita olhos nos olhos,
Lábios nos lábios
Num beijo selada
Com a certeza de um amar
Que não vai,
Nunca,
Acabar.

Ténue
Porque te desejo
A cada dia,
Porque te amo
A cada hora,
Porque me entrego,
De corpo e alma,
A cada minuto,
Cada vez mais
Sem medo,
Sem medida!
 
6.Dez.13

Receio

 

Amanhece
Sem que a lua se debata,
Lute,
Pelo seu reino,
Frio, de prata.

Amanhece,
Nasce um novo dia
Próspero em alegrias
Feitas de sorrisos de crianças,
Feitas de amores que se encontram,
De gente que se cruza
Pelos caminhos deste viver.

Amanhece
E a esperança renasce
Para os amantes que, às escondidas,
Sob o fogo da paixão,
Dão asas ao desejo,
Ao prazer da carne,
E ao fervilhar de emoções
Que os invade sem culpas,
Onde o arrependimento não tem lugar,
Onde se criam recordações.
E enquanto o dia nasce,
eu morro por dentro.
Morro, definha-me o coração,
Quando não estás perto,
Quando não respiro o teu odor,
Quando a cama,
Vazia e fria,
Só partilha a tua ausência,
A falta do teu calor.
E cá dentro morro,
Sob a égide de um torpor,
De um receio de te perder,
De uma saudade do teu sorrir,
Do teu falar e do teu ser...
 
30.Nov.13
 

Em ti




É no teu sorriso
Que os dias têm sol,
Que as palavras são de uma doçura
Incomparáveis,
Sem igual.

É no teu abraço
Que as horas voam,
Que o meu coração acelera,
Bate louco, descompassado,
E os sonhos se libertam.

É no teu corpo
Que os minutos são fugazes,
Imensamente curtos
Para todo o sentir que me fazes,
Para todo o desejo que despertas,
Para todo este querer de quem te ama,
Sem limites,
Sem tréguas.

É na fusão dos nossos corpos
Que o tempo deixa de correr,
Que se mantém suspenso junto com este partilhar
De emoções que nos arrepiam por inteiro,
Nesta troca de sabores feita de beijos
Em bocas quentes e cheias de ardor.
Nesta entrega completa
Que me domina e invade,
Que me alucina a vontade,
Que me faz pertencer-te
E reafirmar a minha única verdade:
Tu és a fonte da minha felicidade!
 
29.Nov.13

Beija, beija-me

 
Beija,
Beija-me com o teu olhar
Doce, que me perscruta o ser,
O querer,
O meu pensar.

Beija-me com os teus lábios
Suaves, que me conhecem o sabor
De todas as palavras não ditas,
De todos os segredos partilhados.

Beija-me com as tuas mãos
Fortes, que me descobrem o tocar
Em cada ponta desses teus dedos
Pioneiros que na minha pele
São perfeitos a deslizar.

Beija-me com o teu corpo
Quente, que me invade sem temor
A carne que te deseja,
O sexo que, húmido,
Por ti anseia.

Beija,
Beija-me com todo o teu ser
Imenso, que me completa,
Que me faz a cada dia acreditar,
Ter a certeza,
Que te pertenço,
Sem freio ou receio,
Por inteiro,
De corpo e alma!
 
27.Nov.13

Entrego-me

 
Entrego-me
Rendida ao teu ser,
Ao teu sorriso,
Ao teu falar,
Ao teu me surpreender.

Entrego-me
Nua de todo o passado,
Nua de tudo o que sei,
Nua de tudo o que senti,
Nua,
Como se fosse uma analfabeta dos corpos,
Como se não soubesse ler os sinais certos.

Entrego-me
Despida de todos os medos,
Sem quaisquer preconceitos
A todo o teu saber,
Sem me controlar,
Sem receio de me perder.
Despida de todas as roupas,
Apenas com esta pele,
Que se arrepia
Sob o comando do teu beijo,
Apenas com este corpo,
Que se humedece
Sob o deslizar dos teus dedos.
Entrego-me
De corpo e alma unidos,
Aos teus mais profundos devaneios,
Aos teus mais loucos desejos,
Sedenta do teu tocar,
Ansiosa por te pertencer,
Sem limites, sem tréguas,
Nesta carne que quer pecar,
Desejosa por sentir,
No ventre,
Na pele,
Na boca,
Em mim,
O teu insano e imenso
Prazer!
 
 
23.Nov.13

Abandono




Hoje abandono o corpo
Ao sabor de uma cama fria,
Condizente com a noite,
Sem gente, vazia.
Um abandono sem resistência,
Sem a luta que se impõe
Pelos desejos e quereres,
Pelas vontades loucas,
Intensas dos prazeres.
Um corpo largado,
Sem que obedeça ao pensar,
Como se tivesse deixado,
Por vontade unicamente sua,
Que o coração ficasse parado,
Inerte, sem o sangue bombeado.
Uma pele outrora quente,
Hoje mais que arrefecida,
Hoje insensível,
Adormecida,
Num torpor que me controla,
Que sempre sinto na tua ausência,
Que a alma me desola,
Que me sabe a penitência.
Hoje abandono o corpo,
Até que chegues e me aqueças,
Até que venhas e me invadas,
E o meu corpo,
Por ti, renasça.
 
12.Nov.13

Não há lágrimas em mim



Não há lágrimas em mim.
Secaram com os sonhos
Nunca cumpridos,
Com as vontades
Nunca realizadas.
Escoaram com a desilusão
De um viver,
Não pleno de alegria,
Mas carregado de um pesar
Que nos vai invadindo,
Controlando o pensar.
Esgotaram de tantas e tantas noites
Plenas de solidão,
Companhia desse silêncio
Dono das horas demoradas
E carregadas de incompreensão.
Não há lágrimas em mim.
Tantas vezes vertidas
Em nome de um querer,
De um batalhar,
De um insistir e um lutar
Que acaba por nos vencer,
Que acaba por nos derrotar,
E nos faz desistir,
Acabar por não acreditar.
E cairam,
E voltaram a cair,
Salgadas,
Escorrendo por este rosto,
Espelho do desalento,
Do resignar a um sentir
Que dói,
Magoa cá dentro.
Não há lágrimas em mim.
Acabaram
Como acabou o desistir,
Como terminou o não sonhar,
Como findou o não querer viver.
Contigo, por ti,
Voltei a sonhar,
A sorrir e a querer,
A desejar e a almejar
A felicidade,
Intensa e contagiante,
Que é voltar
A amar!
 
 
9.Nov.13

Desliza




Dispo-me
E a roupa torna-se solta,
Desliza
Na pele que se arrepia.
E o corpo cede,
Desliza
Pelo cetim frio de um leito,
Vazio,
Sem companhia.
E a mente vagueia,
Imaginando que a tua boca
Desliza
Quente pela minha
Num beijo tem o teu sabor.
E a minha mão é a tua,
Desliza
Pelos seios,
Brincando nos mamilos,
Excitando-me os desejos e,
Desliza
Desde o ventre até ao meio
Das pernas entreabertas.
Já o corpo estremece
Nessa ansiedade pelo toque
Que antecede a expectativa
Da tua entrada,
E os meus dedos são os teus,
Deslizam
Para dentro de mim,
Ousados,
Ritmados,
Recordando-me de ti,
Assim,
Deslizando
Forte e bem fundo,
Tomando-me,
Domando-me,
Fazendo-me ceder
A este imenso prazer,
Que sinto,
Mesmo que apenas no lembrar,
Te pertencer.
 
 
8.Nov.13

Aguardo



Aguardo
Que o tempo passe,
Suave e lentamente,
Que me embale
E me faça adormecer,
Sonhar.

Aguardo
Que o meu leito,
Frio e vazio,
Aqueça,
Se torne cheio desse calor,
Que só se sente
Quando o coração,
Em ebulição,
Ferve de amor.

Aguardo
Que o teu corpo
Se junte ao meu,
Que os lençóis sejam soltos,
Se evadam das nossas peles,
Nos libertando de pudores,
E, que sem receio,
Sejamos amantes,
Descobrindo a cada dia,
Novos gostos, novos sabores.

Aguardo
Que o meu corpo
Seja trabalhado
Com os teus dedos arrepiado,
Com as tuas mãos apertado,
Com a tua língua saboreado,
Ao correr do teu tempo,
Das palavras segredadas,
Dos desejos anunciados,
Relevados
E concretizados.
 
7.Nov.13

Quero sentir


Quero sentir
O odor que de ti emana,
Que me desconcerta o pensar,
Que me deixa absorta,
Apenas centrada neste cheirar.

Quero sentir
O sabor que os teus lábios,
Doces e suaves,
Em beijos perfeitos
De bocas coladas,
Me dão a conhecer, a provar.

Quero sentir
A avidez das tuas mãos
Deslizando-me na pele
Com sábios dedos,
Que rumam pelos meus caminhos,
Evidentes ou escondidos,
Num destino que é único,
Numa meta sempre atingida.

Quero sentir
Que me tomas o corpo
Num ritmo vibrante e forte,
Que o meu ventre te acolhe
Entre as pernas abraçado,
Quase me rasgando a carne,
Fazendo-me delirar,
Cheia do teu desejo,
Em ondas de prazer,
Dando-me,
Entregando-me
À tua vontade.

Quero sentir
O teu corpo suado,
A respiração ofegante,
O coração acelerado,
De tanto,
Imenso,
Intenso,
Louco e insano,
Prazer partilhado!


7.Nov.13

Muito mais




Há uma vontade
Que cresce em mim,
Que me invade,
Que me quer dominar
O sentir e o pensar,
O querer e o fazer.
Uma vontade
Que me impele a seguir
Num caminho que faço meu,
Numa rota em que o destino
É somente um.
Uma vontade
Que não se explica,
Que não se entende,
Que não se controla,
Que cresce,
Que aumenta
A cada dia,
A cada hora.
Há uma vontade
De nos teus braços me entregar,
De na tua boca me perder,
De no teu corpo me encontrar
E, no teu peito adormecer,
Com a certeza que és mais,
Muito mais do que alguma vez
Pensei amar.
 
3.Nov.13

Dias

 


A noite avança no seu ritmo habitual e rotineiro por entre o espreitar de uma lua que timidamente se esconde por trás de nuvens carregadas de água.
Os sons são quase nulos, de um silêncio que quase se ouve e apenas interrompido pelo passar de um carro ou de uns passos de alguém que parece perdido na imensidão desta escuridão.
Perdido como eu me sinto.
Perdida e desmanchada de mim.
Há dias em que tudo o que somos, ou pensamos ser, escorre de nós, foge do nosso ser, como a espuma do mar que se dissipa na areia.
Há dias em que me dissipo do que penso que sou por força da análise de outros.
O que pensamos ser, definitivamente, não é o que vêem.
Há dias em que não conseguimos mostrar o que somos, em que a forma de comunicar se esvanece como se esvai o odor de uma flor num dia de chuva que, por mais intenso que seja, não tem força para se fazer notar.
Há dias em que nos obrigam a olhar as nossas atitudes e nos julgam incapazes de mudar, como se fossemos intransigentes e intolerantes. Incapazes de mudarmos de opinião.
Há dias em que me sinto o pior dos seres com todos os defeitos a serem marcados, registados, relembrados e incapaz de mudar.
Não há mudanças, verdadeiras mudanças, repentinas.
As mudanças dão-se de dentro para fora pois para serem realmente realizadas há que querer mudar. E isso demora, requer tempo.
Há dias em que desejo que o tempo avance e traga consigo todas as mudanças de que necessito para, aos teus olhos, eu ser realmente perfeita.
 
3.Nov.13

Ser tudo



E a boca
Sussurra desejos
Cravados na carne feita pecado,
Em gotas de saliva partilhadas,
Em aromas de corpos suados,
Em abraços e beijos trocados.

E os dedos
Descrevem palavras
Desenhadas no correr do tempo,
Em lábios rubros entre-abertos,
Numa pele que se desassossega,
Num corpo que estremece.

E o corpo
Transmite recados
Impulsionados pelo querer
De peles entrelaçadas,
Amassadas,
Sedentas desse te ter
Cá dentro, neste ventre,
Contraíndo-se em ondas de prazer,
Jorrando de mim todo o meu ser,
Fazendo-me perder
Sentido e razão,
Completamente entregue ao teu poder,
De saber como me fazer
Ser tudo o que te dá imenso prazer.
 
 
1.Nov.13

Hoje, sinto

 

Hoje,
Sinto no corpo
O calor de um abraço
Feito de um Sol
Que é ameno,
De um quente que invade,
Que preenche o coração.

Hoje,
Sinto no corpo
O corropio de uma brisa
Que percorre,
Lenta,
Doce,
Suave,
Imitando o afago
Dos dedos de uma mão.

Hoje,
Sinto no corpo
A tua presença
Feita de memórias
Recordadas a cada minuto,
Feita de lembranças
De beijos trocados
Sob o ímpeto do desejo,
Sob a marca do prazer,
Sob o nome do que nos une,
A todo o momento,
Todas as noites em que te reencontro
E nos teus braços,
Nos teus lábios,
No deslizar da tua pele,
Me entrego de corpo e Alma,
E a TI,
Sem receio ou dúvidas,
Por completo
Me dou.
 
30.Out.13

De novo, o silêncio





E de repente o silêncio é quem domina. Não há sons de passos ou de risos de crianças na rua. Não há vento e nem as gotas de chuva têm coragem para interromper o seu domínio.
Um silêncio absoluto, como se a vida ficasse suspensa no tempo, no sopro de um respirar, num bater de coração. Um silêncio que avança poderoso no seu querer, sem piedade de quem se cruza nos seus caminhos.
Um silêncio que me apanha, que se vai entranhando e apoderando-se de mim, conquistando cada pedaço do meu ser, descobrindo os meus sonhos, desfiando as minhas fraquezas, confrontando-me com os meus defeitos.
Um silêncio que me obriga a olhar para dentro de mim, a ver-me tal como sou.
Um silêncio que quase me oprime, quase me esmaga na visão do que não presta e quase me convencendo de que nada mais existe.
E o bater do coração, o bombear deste sangue quente e vivo, trazem ao meu rosto lágrimas salgadas de um arrependimento por falhas no meu ser, por não conseguir ser perfeita e, nesta imperfeição ser incorrecta e magoar quem me rodeia. Mas este silêncio não é mau, não se disfarça de pudor nesta minha crua avaliação. É quem me faz avançar e a cada dia melhorar.
 
 
24.Out.13

XIX Verdade Irrefutável




Meu corpo é feito de perigosas curvas, de relevos estonteantes, de percursos secretos onde, descobrir-me é uma aventura, conhecer-me é domar-me, e esse é um privilégio apenas teu!
 
 
19.Out.13
 

Vem!





Vem,
Espero-te hoje,
Cheia deste desejo
De sentir o teu toque,
De saborear o teu beijo. 

Vem,
Há no meu peito
Esta ânsia do teu abraço,
Do teu odor a invadir-me os sentidos,
Inebriando-me o pensar.

Vem,
Trago na pele o arrepio
De um corpo que se entrega,
Aos delírios do teu saber.

Vem,
Tenho um fogo que me apoquenta,
Uma fome que não se sacia,
Uma sede que não se aguenta!

Vem,
Quero-me tua,
Sem receios ou freios,
Sem preconceitos e sem demora,
Tomada,
Domada,
Insanamente descontrolada,
Num momento de louco
E intenso prazer!
 
17.Out.13