domingo, 30 de junho de 2013

Aguardo

 
A noite caminha segura no seu avançar em direcção ao seu destino, de dar lugar ao dia que vai chegando lentamente com a sua doce e suave luz.
 Há um burburinho que anuncia o acordar e os seus sons fazem-se sentir de forma quase imperceptível nas ruas de uma cidade que nunca pára.

 Mas quem domina esta madrugada de Verão é o vento. Um vento que se sente forte e que traz no seu correr por entre as folhas e ramos de árvores palavras que ultrapassam as paredes do meu quarto e se fazem sentir demasiado pesadas em mim, neste corpo que se queda inerte apesar de desperto e incapaz de deter esse mergulho no abismo de um viver sem viver pois falam de adeus e de solidão numa cama partilhada apenas com a ausência. Com o vazio da tua não presença.
Palavras que me sufocam o peito e me apertam a alma num louco frenesim que só eu ouço, que só para mim falam.

E eu aguardo que o vento acalme e substitua o fustigar da minha alma por um doce afago de pele, que me permita respirar de novo ao meu ritmo, que me permita ousar levantar e enfrentar o caminho do meu viver.

28.Jun.13

Invadir-te

 
Afeiçoar-me às paredes do teu corpo.
Memorizá-las com a palma da minha mão.
Decorar-te as texturas das horas de vida espelhadas na fachada do teu rosto.
Abrir a porta de entrada num sorriso sem guardas e sem reservas.
Sentir-te a textura aveludada e quente com que forras a tua alma transbordante de uma luz que me fascina.
Perfumar-te o quarto onde guardas o coração com o odor viciante do sorriso de uma felicidade constante.
Preencher-te os recantos vazios com telas por nós pintadas, em eternos momentos de recordação.
Deitar-me em ti e em ti descansar, protegida no calor que de ti emana.
Invadir-te e habitar-te.
Como me invadiste e me habitas. A cada beijo que em mim depositas, em cada abraço que me dedicas.


21.Jun.13

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Dicionário de Coisas Simples XV


E a ausência?
A ausência é o tempo
Em que as memórias
São recordadas na pele,
Na ponta dos dedos
E nestes meus lábios que beijaste.

E a falta?
A falta é um respirar
Que não se sente,
Que me invade do teu nada
E me deixa quase sem vida.

E o não ter?
O não ter são mãos carregadas de um vazio
De dedos que não se entrelaçam
Em abraços que fazem suor
Na pele dos nossos corpos.
21.Jun.13

Temo


Temo que o som das palavras morra para sempre em mim. Que não voltem a ser proferidas por falta de um sentir que me invada por completo. Por falta de uma emoção que me comova e revolva cá dentro, dentro do corpo, nas minhas mais profundas entranhas.
Temo que a minha língua deixe de saborear cada ponto de exclamação que me ofereces no teu beijar. Que as minhas mãos não sigam cada compasso de reticências que me aumentam o desejar descobrir mais um recanto do teu amar. Que a minha boca deixe de te sugar todos os pontos finais de um prazer que não tem igualar. Que o meu olhar deixe de te falar de entrega e paixão, de te pertencer e te querer.
Temo que um dia deixes de me escrever e eu não tenha mais palavras para ler, para viver e morra sem verdadeiramente morrer, calada, sem palavras para (te) dizer.
18.Jun.13

Nunca te esquecer

 
Há um murmurar que balança ao som de uma brisa quase inerte que quase se sente no rosto.
Um murmurar de sons de rio que corre incontroladamente devagar feito espelho, de risos em lábios colados na boca de outro, de mãos que se entrelaçam em dedos sedentos de pele.
Um murmurar que lembra o cheiro das gotas de mar salgado na pele suavemente estendida sob a areia quente de um ameno Verão. Que traz à boca o sabor de pêssegos maduros e dos seus sucos num desaire de dedos lambidos. Que recorda o odor de um cheiro adamascado e de sândalo mesclado com a tua pele.
Há um murmurar que chama por mim, que me recorda o teu abraço, o teu beijo, o teu sabor e o teu amor por mim.
É uma prece que se repete a cada dia, a cada momento em que as horas param, a cada minuto em que os únicos sons que se sentem, são a tua voz gravada no meu ser, na minha memória, a relembrar, a suplicar, para nunca te esquecer...

18.Jun.13

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Irracional Sentimento

 
A manhã vai passando no seu passo ritmado de horas habituadas a esse compasso.
Por mim passam sem pressa alguma, tornando-se demasiado lentas e fazendo-se acompanhar de uma estranha solidão.
Uma solidão carregada de vazio. Poderia ser de tristeza, melancolia, saudades.
Não. Apenas solidão vazia. Cheia de si própria.
Enchendo-me de si.
Invadindo o meu espaço, amarfanhando-me o espírito perante a sua força dissimulada e impossível de ignorar. Ocupando cada lugar do meu corpo com todo o seu peso etéreo e no entanto, quase palpável.
Uma solidão que se impõe e entranha e me vicia.
De viver os dias por apenas se respirar, por apenas o coração bater e fazer correr o sangue da vida nas veias.
E a cada dia a força do rio é menor e o seu brilho mais negro e vazio de vida, as flores deixam de ter os odores que exaltam os sentidos, o vento deixa de me acarinhar o corpo e a paisagem de roupas nas varandas já são quase cor de cinza.
Tudo definha ao sabor do meu tempo comandado por esse estranho, absurdo e irracional sentimento.

14.Jun.13

terça-feira, 11 de junho de 2013

Há um grito

Há um grito
Que se acalma
Dentro do meu ser
A cada dia que ultrapasso,
A cada hora que desfaço
Em minutos de tempos
Parados.

Há um grito
Que se cala
Nesta boca que é minha,
De lábios pálidos fechados
Em sons que tudo dizem
Sem palavras.

Há um grito
Que sufoco
Suspenso no ar
Que respiro
E que não liberto,
Guardado,
Acumulado
No peito.

Há um grito
Que deixo perdido
No sal de lágrimas
Que só eu provo,
Que só e abandonado
Morre assim,
Perdido,
Enterrado,
Não gritado!


11.Jun.13

Pergunto-me

Pergunto-me
O que fazes
Quando as horas demoram
Um tempo demasiado longo
Num Inverno que não tem fim.

Pergunto-me
Por onde vagueia
O teu pensar
E se tem um rumo
Ou anda apenas a navegar.

Pergunto-me
Se o teu corpo
Se estende aconchegado
Pelos braços de um outro alguém
Ou se te cobres de lembranças
De um calor que já foi teu.

Pergunto-me
Se no teu coração
Ainda há aquela chama
De um amor que não acaba
E que a saudade não mata.

Pergunto-me,
Desdobro-me
Em questões mil
Apenas para me iludir
E acreditar que,
Ainda e sempre,
Eu vivo no passar dos teus dias.


11.Jun.13

Um lugar

Eu tenho um lugar
Onde tudo acontece,
De forma incessante,
Num correr que se estende.

Eu tenho um lugar
Onde me aconchego
Do frio dos dias sem luz,
Do vazio que inunda as horas
Que passo afastada daí.

Eu tenho um lugar
Onde o calor do sol
Jamais desaparece,
Se sente quente na pele,
Carícia que me enternece.

Eu tenho um lugar
Onde o cheiro que se sente no ar
É de sândalo e alecrim,
De orvalho da manhã no jasmim,
Numa pele que extravaza
Todo um gostar,
Todo um querer,
Que foge de dentro de mim.

Eu tenho um lugar
Que sabe a um amor
Que se sente na Alma,
Que se mostra no entrelaçar dos corpos,
Que se olha nos lábios molhados
Em beijos trocados.

Eu tenho um lugar
Que me aceita sem perguntas,
Que me deseja sem renúncias,
Que me recebe por completo
E me desculpa,
E me acalma,
E me apoia.

Um lugar que é o teu Amar,
Feito abraço no teu peito,
Onde o sono é descanso,
Onde me renovo por inteiro.

Eu tenho um lugar,
O teu Amar,
Onde sou imperfeitamente perfeita.
 
9.Jun.13

XV Verdade Irrefutável


... Quando o teu olhar desliza pela minha pele até encontrar o meu, já me desvendaste o que as palavras não conseguem descrever.

8.Jun.13

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Há um cair

 
Há um cair do pano em tudo o que se sente, em tudo o que se faz, em tudo o nos envolve.
Há um suave deslizar, imperceptível ao olhar, que avança doce e lentamente, ganhando espaço num constante crescente, como o Sol de fim de dia que desaparece perante a Lua e a noite comanda as horas de tempos parados, sentidos numa cama vazia.
E o pano desce num palco de inconstantes e variados cenários carregados de imensas memórias, de sons e paladares, de cheiros e palavras audazes partilhadas em momentos que duram vidas.
E tudo de ti dura em mim como se nunca partisses, como se o tempo se detivesse, parasse contigo aqui, em mim, neste corpo que baila a dança da vida. Como se nunca chegasses e nunca te sentisse o preenchido da tua ausência.
Todo o meu corpo reclama do que a Alma sente falta.
Toda a minha pele te aclama sobre um palco que não precisa ter cama para sermos os protagonistas de uma sentir, de um partilhar, de um querer que não abranda ou acalma.
No meu palco da vida, o pano cai vezes sem conta em fins que não se notam, mas aqui, no meu corpo e na minha Alma, tu resides, tu és tudo o que me faz falta e o que me completa.
A cada dia.
A cada noite, tomada, beijada e amada.
 
8.Jun.13

Hoje viajo ao som de...



Don’t wanna think about it
Don’t need a picture of it
I think we’ve traveled enough
No resolution to it, constant confusion
The kind that tears you up


So could we alter the lies?

Could we open the night?
The signs are screaming at us
The signs are screaming



Sad, but we will break it

I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now
I can see you’re faking
I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now



I don’t wanna leave you now

I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now



Can’t we just talk about it

Instead of escaping from it?
I think we’ve wondered enough
Cold front with everybody
The bitter sweet embrace
Kind that fused too much



So could we alter the pace?

Could we open the race?

The signs are screaming at us

The signs are screaming



Sad, but we will break it

I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now
I can see you’re faking
I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now



I don’t wanna leave you now

I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now



You’re afraid of falling over the line

You’re afraid of falling over the line
You’re afraid of falling over the line
You’re afraid of falling over the line



Sad, but we will break it

I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now
I can see you’re faking
I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now



I don’t wanna leave you now

I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now
I don’t wanna leave you now

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Dicionário de Coisas Simples XIV


E o sentir?
O sentir é o mar
Envolvendo-me o corpo
Em espuma de sal,
Como depois de me amares.

E o tocar?
O tocar é a tua boca
Beijando e sugando-me
A pele do corpo
Em partes de mim
Que são só tuas.

E o tomar?
O tomar é o momento
Em que o meu corpo
Se entrega ao teu,
Em que o teu corpo,
Intensa e loucamente,
Penetra e invade o meu.
6.Jun.13

Hoje viajo ao som de...

 
I remember years ago
Someone told me I should take
Caution when it comes to love
I did, I did
And you were strong and I was no
tMy illusion, my mistakeI was careless, I forgotI did
And now when all is done
There is nothing to say
You have gone and so effortlessly
You have wonYou can go ahead tell them
Tell them all I know now
Shout it from the roof tops
Write it on the skyline
All we had is gone now
Tell them I was happy
And my heart is broken
All my scars are open
Tell them what I hoped would be
Impossible, impossible
Impossible, impossible

Falling out of love is hard
Falling for betrayal is worst
Broken trust and broken heartsI know, I know
Thinking all you need is there
Building faith on love and words
Empty promises will wearI know, I know
And now when all is gone
There is nothing to say
And if you're done with embarrassing me
On your own you can go ahead tell them
Tell them all I know now
Shout it from the roof tops
Write it on the skyline
All we had is gone now
Tell them I was happy
And my heart is broken
All my scars are open
Tell them what I hoped would beI
mpossible, impossible
Impossible, impossible
Impossible, impossible
Impossible, impossible!
Ooh impossible (yeah yeah)

I remember years ago
Someone told me I should take
Caution when it comes to love
I did
Tell them all I know now
Shout it from the roof tops
Write it on the skyline
All we had is gone now
Tell them I was happy
And my heart is broken
All my scars are open
Tell them what I hoped would be
Impossible, impossible
Impossible, impossible
Impossible, impossible
Impossible, impossible
I remember years ago
Someone told me I should take
Caution when it comes to love
I did...

É a vontade

É a vontade
Que me invade o corpo,
Que me atormenta a pele,
Que me queima a carne.

É a vontade
De me entregar por inteiro,
De me dar-te sem receio,
De me perder nas tuas mãos,
No teu devaneio.

É a vontade
Que comanda o querer te pertencer,
Sem fronteiras te oferecer,
Num premeditado impulso lascivo
De só desejar ter prazer.

É a vontade
De um corpo que aclama
Por tua pele na minha colada,
Por teu sexo no meu,
Completa e totalmente,
Penetrada,
Tomada,
Amada.
 
 
6.jun.13

quinta-feira, 6 de junho de 2013

É no teu corpo

É no teu corpo
Que o meu se encontra,
Em lugares que desconheço,
Em pontos onde me enlouqueço.


É no teu corpo
Onde a minha pele renasce,
De encontro ao teu gosto,
Ao sabor do teu tempo.

É no teu corpo,
Onde mergulho sem receio
Num navegar sem rumo,
Sem metas,
Apenas ao gosto de um simples devaneio.

É no teu corpo
Que o meu ondula ao sabor do teu,
Onde és guia e eu te sigo,
Onde comandas sem freio.

É no teu corpo
Que o meu se junta,
Unos nesse momento
Pleno de magia,
Carregado desse sentir
De entrega e recebimento.

É no teu corpo
Que descubro o prazer intenso
De amar e ser amada,
De desejar e ser tocada,
E onde adormeço,
A ti abraçada, ao longo da madrugada.


4.Jun.13

É na pele

É na pele,
Que o desejo se mostra,
Em ondas de arrepios
Ao passar do teus dedos.
É na pele,
Que o ardor de te querer
Se apresenta sem remorsos
Ao deslizar da tua boca.

É na pele,
Que enlouquece e estremece,
Sem medos ou dúvidas,
Ao molhar da tua língua.

É na pele,
Que respira o teu odor
Misturado no meu,
O teu suor com o meu calor,
Que me faz pertencer-te,
Ser tua.
É na pele,
Deste corpo que te anseia,
Neste paladar que te saboreia,
Nesta carne que te recebe,
Todo,
Inteiro,
Cá dentro,
Que se faz a entrega do meu ser,
Que se perpetua o enaltecer
Do nosso imenso Amar.


4.Jun.13

Tempo


Tempo,
Que se escorre pelos dias,
Que foge do meu alcance,
Que passa sem piedade
De quem sofre.

Tempo,
Destruidor de sonhos,
Inimigo de quem espera,
De quem desespera pela hora da entrega.

Tempo,
Insensível ao sentir
De quem sente a falta,
De quem deseja rever,
De quem avança nos dias
E apenas os quer retroceder.

Tempo,
Que depois de passado
É impossível de recuperar,
De alterar,
De voltar a passar.
Tempo,
Minutos que são silêncios
Outrora infindáveis dos sons de nós dois,
Agora, são memórias,
Apenas e simples recordações.

Tempo,
Que não volta,
Que não se suspende
Neste passar dos dias
De quem, por vezes, se arrepende.


31.Mai.13