Há dias em que me apetece isolar, deitar na cama, sentir o silêncio à minha volta e fechar-me.
Fechar-me por completo. Do mundo, dos sons, dos meus sentires e dos meus pensamentos.
Enrolar o corpo sobre mim mesma e apenas ficar assim, inerte, quase sem vida, não fosse o respirar controlado e obrigado. Sim, há dias em que até respirar me custa. Em que a vontade de o deixar de fazer é quase irresistível. E no entanto, tudo no peito parece que vai explodir. O coração acelerado, o peito cheio e a imensa vontade de gritar abafada na garganta...
Mas não, vou guardar tudo cá dentro. Fechar a sete, não, a mil chaves e engolir tudo.
Fechar-me e ao que sinto. Fechar a desilusão, a falta de empatia, a arrogância, a superioridade de uns para com os outros. Fechar-me para não sentir. Para não sofrer. Para aprender apenas a viver, um dia a seguir ao outro, horas infindáveis e minutos que param no tempo. Como a minha respiração, o meu grito contido e o bater do coração...
Cat.
2020.01.03
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