sábado, 30 de abril de 2016

Ilusão



Os teus olhos despem-me
E a blusa desaperta-se,
Suavemente,
Botão a botão.
A tua boca beija-me
A boca,
O pescoço,
Os seios desnudados.
As minhas pernas cruzam
E a saia deixa antever
O formato das coxas
Que, propositadamente,
Acaricio com a minha mão.
Ignoro-te,
Viro-me e mudo,
Inesperadamente,
De direcção.
Não quero tornar-me real,
Quero que me sonhes,
Me desejes,
Me anseies,
Até ao dia
Em que deixarei de ser,
A tua perfeita
Ilusão.




30.Abr.2016

sexta-feira, 29 de abril de 2016

XXX Verdade Irrefutável



E quando me chamas de meu amor, sou tua, pertenço-te como jamais pertenci a alguém, como jamais me permitirei voltar a pertencer. Tua, apenas e única e somente tua.


29.Abr.2016

Mergulhar em mim



É tempo de mergulhar em mim. De me descobrir, de saber quem verdadeiramente sou, de me destapar dos estigmas que me são impostos.
É o momento de parar a vida, de a suspender, de abrandar o ritmo do passar dos dias em que a rotina impera.
É a altura certa de perceber o que fui e o que não cheguei a ser, o que sou e o que não quero ser, o que em mim mudarei ou simplesmente manterei.
Um balanço de vida? Não. Sim. Talvez. Mas sem dúvida um balanço de mim, do que cresci e aprendi e, sobretudo, do ganho de consciência do que ainda preciso crescer. Dos medos que ainda preciso enfrentar, dos defeitos e falhas que ainda tenho de colmatar.
É tempo de me abraçar, de me aceitar, de me melhorar.




29.Abr.2016

(In)Certezas



Não há certezas, apenas dúvidas e a cada decisão um novo final e um novo recomeço.
A vida é como um livro: está à frente dos nossos olhos e, tal como as capas dos livros, seduz-nos com as suas cores vibrantemente brilhantes. E nós avançamos, virando esquinas, seguindo caminhos, com a mesma voracidade com que desfolhamos as páginas, uma a uma, de um livro: ora rapidamente com ansiedade de descobrir o final, ora demoradamente com receio do desfecho.
Como nos livros, apenas da nossa vida ficam gravados os momentos mais intensos, as histórias mais hilariantes, as dores mais lancinantes, descritas como memórias vívidas de um tempo que parece nunca ter avançado, de tão presentes que estão.
Como nos livros, há pessoas a quem agradecemos a constante presença e apoio, há as pessoas que amamos e sem as quais não teríamos histórias, há as pessoas que nos marcam, o corpo ou a alma, e sem as quais não crescíamos, não aprendíamos.
A vida é como um livro, ora feliz, ora triste; ora luminoso e agradável, ora cinzento e desconfortável. Vivências intercaladas por narrativas monótonas ou expressivas que culminam num clímax de sentimentos e resoluções.
E quantas vezes, como quando se escreve um livro, é necessário recomeçar para não repetir os mesmos finais, para não reviver os mesmos sentires, mas porque há que continuar: deixar de viver nunca é opção. Tal como deixar de escrever não constrói um livro. E um livro, tal como a vida, só o é quando se não se desistir dele, se continuarmos a escrever as suas páginas.
E no final da vida, tal como na contra-capa, as palavras mais bonitas a resumir a (nossa) história e, na grande maioria da vezes, embelezando e tornando-a mais apetecível do que realmente foi...




29.Abr.2016

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Segredos



Segredos, não há quem os não tenha. Fazem parte da vida, fazem parte do viver, do aprender e do sentir.
Há segredos que se contam a quem confiamos, a quem confidenciamos, mas deixam de ser segredos: passam a ser histórias contadas.
Segredos verdadeiros são aqueles momentos que partilhamos com aquela pessoa e que sempre recordaremos como únicos, irrepetíveis, irredutíveis. Sempre presentes e sempre sentidos da mesma forma.
Aquela primeira troca de olhares.
Aquele primeiro beijo, mesmo que já tivesse beijado mil vezes.
Aquele primeiro toque em que o corpo estremece.
Aquela primeira fez em que o teu sexo penetrou o meu.
Aquele primeiro abraço depois dos nossos corpos se terem amado e o nosso cheiro estar misturado.
Aquele momento em que, por insegurança, chorei por medo, por receio de te perder.
Ou quando me olhaste dentro dos olhos e me disseste: amo-te, como nunca amei até hoje.
Segredos que são apenas nossos, delicadamente guardados...




28.Abr.2016

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Podia dar-te o Mundo



Podia dar-te o mundo. O meu mundo. Com tudo o que o preenche e tudo o que eu sou, com tudo o que por ti faria, com tudo o que por ti sentia.
E sabes, não era assim tão pouco. Era tudo.
Aquele tudo que só quem ama incondicionalmente pode dar.
Aquele tudo que só se recebe uma vez na vida, que só se dá uma vez na vida.
Um tudo em que deixamos de ser um, de ser eu, para sermos dois, para sermos nós. E assim viver, alimentando-nos de e um ao outro. Esse tudo seria mais que suficiente, seria o grande amor que nos enche de vida, que tudo para sermos felizes nos daria.
Podia dar-te o mundo, um mundo meu para ti.
Mas os caminhos descruzaram-se algures no caminhar da vida.
Agora, espero que tudo, este imenso tudo, passe, aqui, no meu mundo. Sozinha.




27.Abr.2016

Thoughts XXXI




Sentir o corpo
Estremecer,
Deixar a pele
Arrepiar,
Fazer o coração
Bater,
Obrigar o sangue
Correr,
Saborear a boca a
Beijar...
Permitir à Alma
VIVER!




27.Abr.2016

terça-feira, 19 de abril de 2016

Sonhadora



Era uma sonhadora. Uma menina que sonhava com as pequenas coisas da vida. Coisas que pensava existirem sempre e para sempre nos seus dias, como uma constante inequívoca.
Sonhava ou não pensava nas eventualidades da vida, das suas inevitabilidades.
Era como se o mundo fosse uma certeza imutável, sem o sentir da perda ou da ausência ou a excitação da surpresa.
Imaginava um mundo de pessoas sem maldade, sem interesses mundanos ou egoístas, sem o peso da responsabilidade de cada acção sua no viver de terceiros.
Tudo era uma utopia, cor-de-rosa que nunca gostou.
Hoje já não sonha, é uma crente. Não em qualquer deus de uma qualquer religião, não nas suas capacidades de vitória, não nos sonhos que outrora eram realidade.
Cresceu e es experiências que viveu mostraram uma realidade que não se sonha. Que ninguém algum dia sonhou. Desilusões, tristezas, desventuras e lágrimas correram pelo rosto. Mas também sorrisos francos, beijos e abraços verdadeiros, carinhos e provas de amizade encheram-lhe o peito.
E acredita.
E compreende.
E até perdoa um e outro ente que erra com ela ou com ele próprio.
Acredita que os Homens precisam perdoar-se, cada um a si próprio e depois aos outros.
A culpa impede-os de serem felizes.
Já não sonha com um mundo perfeito, mas acredita, que a cada dia, se cresce e aprende, se aceitam as diferenças e se faz a diferença.
Aqui, não no tamanho da sua imensa Alma, mas no pequenino que é o seu Mundo.




19.Abr.2016

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Não regressei



Não.
Há momentos que não voltam, que jamais se repetem, que nunca se podem reviver.
Não.
Não voltei a esse momento.
Não.
Os dias correram em horas que se demoravam mais do que o desejado. E eu desejava pelas tuas palavras. Por aquelas específicas palavras que nunca chegaram.
E chegando jamais seriam suficientes para te mostrar o quanto sentir havia cá dentro.
Não, o momento em que te esperava passou. Num passar ansiosamente lento.
Nunca um momento se prolongou por tanto tempo.
Nunca um momento esperou tanto por acontecer e no fim, quando chegou, não passar de um simples quase ser...
E as palavras ficaram presas nesse tempo: quase ditas, quase partilhadas, quase recebidas, quase tudo redondando num grande nada.
Não, não revivo esse momento.
Não, não repito mentalmente esse momento.
Não, não desejo voltar ao nada que quase foi um tudo.
Aprendi e vivo o momento que é o agora. Vivo como quem não se prende e solta o sentimento a quem não suspende o sentir à espera "daquele" momento.
Não, não regressei a esse momento.



18.Abr.2016