segunda-feira, 11 de maio de 2015

A ti, Mãe...

 
A tarde avança lenta e branda como o sol que aquece corpos que anseiam pelo seu calor. Avança suave como a brisa que tráz esse doce odor a flor de laranjeira. Avança quase parada como o Rio, apenas agitado pela ondulação que pequenas embarcações desenham nas suas águas formas apenas imaginadas.
Avança demasiado devagar e hoje, ao contrário de outros momentos, queria que parasse. Que não avançasse... Que não passasse.
 
Queria que ficasse suspenso o tempo que ainda me falta para te viver.
 
Queria que o dia se mantivesse e as horas fossem eternas. Que os minutos não se desavanecessem.
 
Que não desaparecessem.
 
Queria que o dia vivesse para sempre sem que o tempo passasse.
 
E eu viver-te-ia assim, sem tempo e para sempre.
Sem o medo de chegar a hora que se anuncia e me mata a cada dia.
Sem o medo de te ver deixar de sorrir e de me falar. De te ver esse olhar que mesmo sem falar consegue tudo dizer.
 
E eu viver-te-ia assim, sem receio de perder-te.
Sem o medo de te ver partir.
Sem o medo de ter de te dizer adeus.
 
E eu viver-te-ia mais que nunca. Saborar-te-ia a doçura mais que nunca. Absorve-te-ia a sabedoria de quem viveu mais que nunca. Amar-te-ia mais que nunca.
 
E como amo, a ti, que me deste a vida e incondicionalmente, sempre amaste...
 
 
11.Maio.2015

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