segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Quando?
Quando devemos largar o sonho, os desejos, as ilusões?
Deixar que o vento que as trouxe numa brisa clida e suave sob a pele, as leve na sua forma mais brusca e rebelde. Que as arranque de nós com uma velocidade estonteante e frenética para que as recordações não fiquem em nós a marcar compasso.
Quando há recordações.
Pode não haver nada que fique depois do vento nos fustigar a face com tamanha violência que chega a alma e a esvazia. Por completo.
E sobra nada de uma ilusão, de um sonho, de um desejo.
Mas não é assim que acontece.
A suave brisa que nos enche de emoções tem a mesma velocidade que a que nos deixa sem recordações.
E tendemos a agarrar o que queremos nosso. E isso é que demora a aceitação da perda.
Eu sei que te perdi porque nunca a brisa te guiou até mim. Foi um caminho solitário daqui para aí, de mim até ti. Nunca o contrário.
E hoje largo-te em definitivo com a ajuda da brisa morna e doce de odores nossos nunca sentidos em paladares que jamais foram trocados.
Hoje deixo que a brisa me dispa de ti e permito-me deixar-te para trás.
23/08/2012
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