sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Máscaras

Por vezes apaixonamo-nos pelas máscaras que criamos e vamos adorando a personagem que permitimos deixar crescer dentro de nós.

Como se fosse realmente verdadeira a forma de pensar e de agir e as palavras nascessem de forma natural como se sentidas.

E criamos um mundo de ilusões que vai crescendo em forma de fantasias demasiado reais para serem apenas fruto do nosso mais profundo desejo.

E as palavras dos outros soam ao que lhes queremos ouvir, raramente ao que na realidade querem dizer pois o nosso mundo é tão perfeito nessa imensa mescla de ilusões que nada o pode macular.

Mesmo que sejamos nós a maior nódoa no nosso pano. Mas aí, as desculpas e as justificações são as mais sinceras e verdadeiras aos olhos de todos. Em especial dos nossos.

Habitualmente o sofrimento causado por terceiros é o grande culpado. Sim, é tão fácil desculparmo-nos os falhanços e más decisões colocando o ónus nos outros.

Sim, há quem esteja apaixonado pela sua própria máscara e não consiga assumir os seus erros e falhas. Os seus defeitos e acções menos acertadas.

E aponte o dedo a quem, por qualquer motivo tem uma acção menos própria, menos perfeita do ponto de vista inteiramente parcial da perfeição que a máscara criou. Nem que a acção seja igual a tantas que já tivemos.

Mas a minha máscara e a que vejo todos os dias ao espelho sem a maquilhagem dos teatros em que alguns são meras personagens secundárias em que se acham o centro do mundo.

Não sou apaixonada pela minha máscara: é real e deixa marcas neste rosto que o tempo vai teimando em não conseguir mascarar.
Marcas do assumir que o erro faz parte de mim e que com ele tenho de viver, aprender e não sempre os outros culpabilizar.

E tu? Já aprendeste a não te mascarar e a assumir que também consegues perfeitamente errar?
16/09/2012

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