quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Melancolia...


O sol vai alto no céu azul e imenso de cor a fim de Verão.
O vento teima em levantar a poeira do caminho e obrigar as ervas altas e douradas de cor palha que ladeiam o poço que há muito secou a movimentarem-se numa dança descompassada e suavemente atribulada.
Os sons das alfarrobas a largarem o ventre da árvore mãe e a cairem no seco do chão quebram a monotonia da brisa baloiçante.
Os cabelos soltos teimam em invadir-me o rosto e a fustigar-me a face como um suave roçar de dedos.
A melancolia invade-me numa forma desconhecida em mim.
Uma espécie de ausência e vazio, como o imenso mar de terra cor salpicado aqui e além por uma oliveira que os pássaros acolhem como deles poupando-se ao calor deste sol que queima.
Quase um oásis no deserto.
Quase uma esperança no desespero.
Quase um sorriso por entre as lágrimas.
Por vezes sou confrontada com vazios que me preenchem por completo, que me dominam a alma e infectam o corpo. Um veneno que chegando ao coração, depressa se espalha e entranha e nunca mais me larga.
O coração que devia ser como o poço: vazio de tudo e cheio de nada.
Apenas existir sem sentir o que sente.
Sem saudades do que não teve.



30/08/2012

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