sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Silêncio IX



Há silêncios que imperam de forma abstrata, que chegam devagar, com passos que não se sentem mas que se vão impondo por períodos de tempo cada vez mais longos e que se nos vão apoderando da companhia que acabamos por perder.
Há silêncios que nos são impostos. Que não advêm do passar dos dias, que não surgem som o tempo, que são apenas uma negação ao que dizemos. Como se não existíssemos. Como se não falássemos, como se as palavras que de nós saiem ficassem presas numa espiral de tempo amorfo, parado, que nunca se concretizassem, nunca pudessem de facto ser ouvidas. Perdidas para sempre no espaço, no vento que não corre e não as leva ao destino.
E aqui surge a pior das solidões: quando há tanto a dizer e não há quem queira ouvir, quem as queira sentir connosco, quem as queira perceber e devolver-nos o pensamento sob a forma de outros sentimentos ou lógicas ou vivências.
Há silêncios que doiem mais que a ausência de sons...

16/12/2012

Imperfeitamente perfeita



Não há vento, nem chuva, nem frio e nem sol apenas essa inexistência da luz que nos faz viver e aqui dentro, destas paredes que não vejo mas sinto a presença, há vida.
Existo eu.
Existe o meu corpo e o que sinto, o que desejo e o que penso, o que não tenho e o que nego e rejeito.
Há um corpo que desperta suavemente em movimentos que sentem a tua ausência no leito feito frio nessa dolorosa percepção e logo uma recordação ultrapassa o vazio e me enche de emoção.
E é tudo o que quero.
Viver numa constante emoção que me complete e faça inteira e me preencha e faça sorrir a toda a hora e que me faça chorar e crescer e aprender a lidar com tudo do que nos apetece fugir.
Não quero que o nascer do dia me traga um conto de fadas mas quero mais, muito mais que esta vida aparentemente perfeita e vazia de partilhas.
E eu quero partilhar-me, dar-te e receber-te, aprender-te e crescer-me, ensinar e apoiarmo-nos, que me aceites as qualidades e me ames pelos defeitos.
Não quero um conto de fadas, quero uma vida real construída e tornada, a cada dia, na nossa imperfeitamente perfeita vida.

15/12/2012

A noite



A noite é senhora do momento, impera negra e sombria, apenas abraçada por fugazes luzes de carros que passam num quase voar onde a chuva antecipa o seu chegar num ruído ritmico e sem compasso.
Cruzo-me por transeuntes que não têm rosto ou forma tão escondidos que estão nas suas vestes pesadas e quentes de Inverno.
E sinto.
E tudo parece parar em meu redor.
E inspiro. E sinto de novo.
A tentação de rodar o olhar é mais forte e caio num pecado que nada tem de culpado.
O corpo estremece de um lado ao outro, dos tornozelos ao pescoço e a pele, a pele arrepia-se como se fosse tocada daquela forma que poucos, que apenas tu sabes.
Os lábios entreabrem-se e o vapor quente do meu corpo faz sinais de fumos ao ritmo da língua como se te provasse na minha boca.
E sinto.
O cheiro que sendo teu não é o teu odor e que me recorda desta forma intensa e imensa, em apenas breves segundos, como é te amar, te sentir e te desejar.

14/12/2012

Alturas do dia



Há na rua os sons do largar dos empregos misturados com os sons do regresso a casa num compasso de ritmos aleatórios de passos largos e pesados e de outros leves e quase parados em que a chuva apenas se sente junto com o vento frio que nos faz olhar apenas o chão.
Se há altura do dia em que a tua presença mais me invade o pensamento, é sem dúvida, neste exacto momento feito de minutos em que a minha mente se solta do corpo que exausto largo sob um canto acolhedor deste local a que habitualmente damos o nome de lar e viaja até às recordações de ti.
Este momento em que o sorriso nos teus lábios me receberia ao abrir da porta. Em que o meu corpo no teu peito se aconchegaria. Em que a tua voz chamando-me de "meu amor" seria a melhor das melodias. Em que o sabor da tua boca deveria invadir a minha. Em que o cheiro do teu corpo no meu se entranharia. Em que o meu olhar no teu mergulharia e a cada toque de pele na pele eu incessante e constantemente por ti me apaixonaria.
Há alturas do dia em que não há dúvidas, apenas uma única certeza: que quero, por completo, ser tua.

12/12/2012

Este Rio



O dia perdeu já as suas cores de luz e de sol, de vermelhos dourados de um Outono no fim e o frio aumenta o seu reino nas ruas quase vazias de corpos que se cruzam a caminho de casa.
O rio liberta-se em pequenas ondas como se os barcos ainda o trespassassem no vai-e-vem constante de risos e máquinas que clicam a cada nova curva do seu percurso.
E eu detenho-me perante a oportunidade de ver o correr constantemente inconstante das suas marés, enchendo e esvaziando como se fosse um coração bombando a um ritmo de horas e que dá e recebe, e volta a dar e a receber.
É como se o seu correr fosse igual ao meu, como se em mim fluíssem todas as águas deste rio e me invadissem corpo e alma por inteiro.
Como se me soubesse.
Como se me conhecesse.
E há um arrepio que me invade a pele como quando me dispo e sei que me olhas, que me deixa na expectativa da forma como me abordas: se me abraças ternamente ou se beijas ardente e apaixonadamente.
Aquele arrepio que nos toca a pele e eleva a alma, que nos conhece por inteiro e sabe o que nos dá prazer e que a cada novo toque, a cada novo beijo, a cada novo sussurro, nos consegue surpreender.
E é a ti que este rio me recorda a toda a hora.

11/Dez/2012

A forma




Que forma tem o meu coração?
Tem a forma da felicidade quando ouço a tua voz sussurrando-me ao ouvido.
Tem a forma de um oceano quando mergulho sem medo na profundidade do teu olhar.
Tem a forma de caminhos de carinhos que os teus dedos criam nos meus cabelos.
Tem a forma de um beijo quando os teus lábios se unem aos meus e misturamos os nossos sabores.
Tem a forma de rios que a tua língua cria na minha pele quando o meu sal estás a provar.
Tem a forma de abraço de corpo inteiro quando me estás a amar.
Que forma tem o meu coração?
Tem a forma do que me fazes sentir quando comigo te estás a partilhar...

9.Dez.12

Voltar a sentir



Quando o teu olhar me seduz
Com essas palavras lascivas
Que só eu consigo ouvir,
Que no corpo consigo sentir
Porque me passam através da roupa,
É como se me despissem aos poucos,
Lentamente.
Quando as tuas mãos me tocam,
Me afastam as vestes que me tapam a pele, 
Já não há mais arrepios, 
Há um fogo que em mim nasce, 
Que me incendeia, 
Que me queima a carne 
Num desejo que por mim escorrega, 
Líquido espesso, 
Que me torna numa fêmea, 
Sedenta, 
Faminta, 
Ansiosa do teu corpo.
Quando me tomas,
Já não comando,
Já não me controlo,
Sou apenas um sentir,
Que se repete no teu em mim entrar,
Que explode e me faz estremecer,
Vibrar e entregar,
A todo esse prazer,
E sempre, cada vez mais,
O voltar a sentir...

09/12/2012





Sabes



Sabes,
O teu cheiro permanece em mim,
Fazendo-te parte do meu,
Fazendo-te constante,
Permanente, aqui,
Tão perto que te sinto.
Os teus dedos ainda deslizam,
No meu rosto,
Nos meus lábios que entreabrem
Mostrando-te o desejo
De aos teus se colarem.
O teu gosto ainda se sente
Nesta boca que te provou,
Nesta língua que
A tua pele molhou,
Salivou e secou de todas essas gotas
De desejo e de prazer.
Sabes,
Ainda te sinto percorrer-me
O pescoço,
Os seios,
O ventre,
E as mãos que me puxam
Em direcção ao teu corpo
Que no meu anseia penetrar,
Se afundar,
E a mim se entregar
Em ritmos que consentidos
São nossos,
Únicos,
E todos os desejos são permitidos,
Partilhados,
Cumpridos.
Sabes,
Ainda te sinto e já desejo de novo
Ver-me perdida entre todos os teus beijos...


06/12/2012

Caminho



Às vezes tenho a certeza de que o caminho que escolherei é o certo, pois é o que me leva até ti, até ao aconchego do teu peito, à segurança do teu abraço.
E nessas alturas, em que me abraças, em que o meu coração bate ao mesmo ritmo que o teu, eu sei que é o certo, que é aqui, aí, em ti que pertenço.
E a cada dia to digo, te demonstro, te asseguro que é a ti que eu quero.
E num ápice, tudo se desmorona. Tudo cai como um castelo de areia, tudo desaparece, cai por terra.
Por vezes sinto que falo e que nada te digo.
Que apenas jogo palavras ao vento, que apanharás se te for conveniente.
O meu caminho não depende apenas de mim, mas de me mostrares que o queres, realmente, percorrer comigo.

05/12/2012

Podia não haver amanhã



Podia não haver amanhã.
Apenas o hoje, aqui, agora.
Apenas este momento suspenso no tempo que partilhamos em comum.
Estes minutos que se estendem por algumas horas e fazê-los durar enquanto nos apetecesse. Enquanto não nos fartássemos de estar nos braços um do outro.
De estar deitada eu no teu peito e tu a deslizar as pontas dos dedos no meu ombro que despiste antes deste momento.
E poderíamos repetir cada movimento de roupa que cai, escorrega, desliza pelo corpo que se deseja nu.
E eu voltaria a provar-te o sabor do sal do corpo que me entregas num acto de pura entrega à habilidade dos meus lábios, da minha língua e boca gulosas de ti.
E tu voltarias a fazer-me sentir o poder e a força da tua masculinidade, tomando-me no centro das pernas, domando-me os quadris e penetrando-me o corpo fazendo-me a mulher mais feliz.
E voltaríamos a ser um: tu em mim e eu em ti, tu por mim e eu por ti, gemendo e gritando palavras num dialecto que apenas os verdadeiros amantes reconhecem.
E pode, deve haver amanhã, se a cada novo dia, me continuares a desejar e a amar como neste momento...

04/12/2012

Despes-me o corpo



Despes-me o corpo
Sem me tocar,
Sem a blusa desapertar,
Sem a saia levantar.
Arrepias-me a pele
Apenas com o teu olhar
Que me adivinha os contornos,
Que anseia pelos dedos em mim a deslizar.
Aqueces-me o corpo,
Aumentas-me a desejo,
Suprimes-me o pensar
E já não quero outra verdade
Que não passe pelos lábios
Ao meu ouvido a sussurrar-me
Palavras doces ou lascivas,
Que falem de amor ou apenas desta vontade, 
Da tua boca na minha se entregar, 
De te receber o paladar, 
De te sentir o gosto na língua!
Pára de me torturar,
Apenas com o teu feiticeiro olhar,
Deixa-me me entregar,
O corpo nessa luxúria
Que são as tuas mãos por mim a passear,
A tua molhada língua a me saborear,
A tua pele salgada na minha a gotejar,
Que é teu corpo no meu a penetrar,
E à loucura me guiar.
Não páres de me olhar,
Deixa-me para ti despir,
Para que em mim possas
Todas as fantasias realizar...

03/12/2012

Distâncias


Há distâncias que são palpáveis,
Contadas em metros,
Em distâncias de mapas,
De terras e rios,
De ruas e prédios.
Separações físicas
Que se contornam em abraços,
Que se colmatam com beijos
Enviados em fotos.
Há distâncias que se encurtam,
Em visitas momentâneas,
Em pequenos pedaços de tempo.
Há distâncias que nos matam,
Nos ferem a alma,
Em que as memórias se tornam
Grandes, enormes tormentos.
Que acabam escondidas,
Nos arrefecem os pensamentos,
Nos tornam frios esses momentos.
Há distâncias que são um eterno afastamento, 
Do que já foi uma partilha, 
Um perfeito entendimento.
Que são o acabar de um sentimento,
Mesmo que possa estar a um passo de tocar, 
Um caminho que se segue, 
Com outro destino, 
Outro encerrar.
E estas são as distâncias que nunca,
Nunca se conseguem encurtar...

02/12/2012

Ausência



A noite chega carregada de chuva e sem a luz da sua eterna companheira hoje tapada por mantas de núvens negras.
E o silêncio é quase absoluto na rua e dentro destas paredes que me sufocam e apertam o peito que quase explode por não conseguir respirar.
Um aperto que me impede de sentir, de gritar e de deixar de respirar. De querer, de desistir e de avançar.
Um respirar mecânico, automático, sistemático e repetitivo, sequêncial mas sem vontades. Sem querer ou não querer.
E que dói. Dói a cada inspiração de ar frio que me gela por dentro.
Dói a cada expiração que não quer deixar sair o pouco calor que ainda me resta.
E o silêncio que é quase absoluto, que se quebra com esta dor de manter o coração a trabalhar, nesta incapacidade de sequer pensar.
Há dias em que o silêncio da tua ausência é demasiado grande e me invade e quase me mata por dentro...


30/11/2012

IX Verdade Irrefutável



... Anseio pelo dia em que poderei vestir-me de ti, para sempre, todos os dias.


28/11/2012

Vazio



Não há maior vazio que o vazio de não ter nada dentro do peito e que aqueça o coração.
O vazio é um frio que se toca, que se sente na ponta dos dedos quando tomamos a decisão de olhar para o que somos.
E às vezes, muitas vezes, sou nada a não ser esse tudo de vazio.
Esse todo cheio de nada que seja mais palpável que um pouco quase nenhum de algo que valha a pena. De algo que merece existir em mim. De algo que é digno de apenas ser.
E muito pouco que seja, é. Existe. Ocupa-me e deixa-me menos vazia. Como se houvesse esperança, razão. Para avançar e enfrentar um novo dia.
Um dia que quase me deixa cheia e viva e completa.
Mas só às vezes.
Na maioria dessas horas que correm estou vazia de sentires que me encham e cheia do vazio das saudades do que (jamais) me dará vida.

28/11/2012

Saudades



Onde começam as saudades?
Numa memória guardada nas gavetas das recordaçoes, representadas em momentos que paramos no tempo.
Começam no imenso e profundo teu olhar que me reconhece os movimentos e o sentir sem ter de falar.
Ou no sorriso que me aquece a alma e me enche o coração desse sentimento que é mais, muito mais que paixão.
Começam no cheiro que se sente quando o vento quente do sul me traz o teu odor numa onda de mar fresco e salgado.
Ou no paladar que subtilmente me invade a boca de vontade de mergulhar a minha língua na tua e te sugar todo esse teu sabor.
Começam nas palavras de amor e de desejo escritas pelos teus dedos nos meus seios, gravadas na minha pele mais escondida, no meio do centro do meu corpo.
Ou no meu ventre contraíndo-se de prazer quando o teu me invade e entra e sai com todo o teu fervor.
Não!
As saudades começam no meio de uns lençóis onde acabamos de nos amar, onde sempre ao deitar te vou desejar e onde ao acordar te vou sempre pensar.
Numa cama onde me quero contigo, para sempre deitar.

27/11/2012

Palavras



E há palavras que nos querem saltar da boca.
Que se alojam na garganta à espera, à espreita de uma brecha nos lábios que não se cerram para que possam se soltar aos jorros. Palavrs que não escolhemos, que não são muito nem pouco, que apenas saiem sem qualquer pudor.
E há palavras que nunca se soltam. Escondidas de todos os pensamentos, de todos os sonhos e pesadelos, de todas as cores e sabores, de todos os sentidos e odores.
Palavras que guardamos como um bem precioso, como um tesouro.
Como o descrever do teu beijo.
Como o sentir do teu corpo no meu.
Como o deslizar dos teus dedos na minha pele.
O teu calor no meu arrepio.
O teu prazer dentro e junto com o imenso fervor que me fazes sentir no ventre, bem em mim, cá dentro.
E as palavras do teu sabor?
Não as sei dizer, não as sei referir, desenhar, escrever ou exprimir.
Há palavras que ficam gravadas na pele, na boca, nas mãos e no corpo.
Há palavras que são um eterno sentir.

26/11/2012

Mostra-me




Mostra-me com todos os sentidos
O que é possível sentir
Sem que me iluda com o olhar,
Sem que me perca no ver que não mostra.
Mostra-me o que é o paladar
Sem saber as cores cor de Verão, quentes, 
Sem saber o formato do espinho 
Da rosa que no cheiro 
É bela apesar de quase morta.
Mostra-me como posso ver
Sem condenar,
Sem com o olhar reprovar,
Apenas ouvir e saber,
De facto, escutar.
Mostra-me que posso
Avançar e em ti confiar
Dar passos certos no caminho,
Com a tua mão a guiar,
A tua voz a orientar.
Mostra-me tudo o que olhos distorcem,
Sob capas carregadas de preconceitos,
Onde tudo são princípios
Que muitas vezes,
Não passam de defeitos.
Mostra-me!
Ensina-me a ver com os olhos da Alma,
Da confiança,
Da segurança,
Da igualdade
E sem modéstia falsa.
Mostra-me com o meu fazer,
A melhorar,
A crescer.

26/11/2012

Esquecer-te




Não posso esquecer-te.
Esquecer os sonhos que todos os dias me fazes desejar.
Esquecer os novos sabores que dás a este meu (antes) monótono paladar.
Esquecer os sons de gemidos, que meus e teus juntos, nunca alguém vai conseguir copiar, imitar, emitir.
Esquecer os desenhos que os teus dedos, quentes e sabedores, desenham na minha pele, criando paisagens que a cada dia, a cada toque, foram recriadas, de novo desenhadas. E onde a tua língua faz nascer em mim caminhos de água e que na foz do meu corpo, desaguam em mares que de mim brotam.
Esquecer o sorriso que nos meus lábios fazes crescer, a felicidade nos meus olhos a cada te ver, a cada toque no cabelo, a cada abraço dado no meu peito.
Jamais, jamais te vou esquecer, pois é contigo que aprendo o que é VIVER.


25/11/2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

VIII Verdade Irrefutável


... Adoro acordar e sentir que a minha pele ainda guarda o cheiro da tua.

Perdida VI

           
           Perdida
Em paisagens que não vejo,
Por caminhos que desconheço,
Que me levam sem sentido,
Sem sentidos
Neste entorpecer
De corpo que apenas responde
A este andar, avançar sem saber.
            Perdida
De cores que me alimentam,
De sonhos que me alentam,
De ilusões que poderiam,
Algures no tempo,
Do caminho,
Passar a ser o destino.

            Perdida
De horas que passam
Neste correr de dias,
Em que me aguento apenas por um fio
Que não me detém nem segura,
Que não me amarra nem protege,
Que é mais frágil que esta pele
Marcada de dor e lágrimas,
Marcada de sorrisos e prazer.
            Perdida
Agora com o que já vivi,
Com o que senti e não me larga,
E não me chega nem completa.
            Perdida
Agora com o amanhã
Do passo que urge chegar
E me libertar deste andar
Que não chega a ser caminhar.
            Perdida
Neste medo de avançar...

24/11/12

Abraça-me, envolve-me

Abraça-me, envolve-me
Nos odores que são teus
Que se mesclam em unicas unioes
De cheiro de homem
Que me enlouquece os sentidos,
Que me evidência os víicios.
Envolve-me, abraça-me
No sabor dos teus beijos,
No deslizar dos teus lábios
Que nos meus aumentam
Os mais intensos desejos.
Abraça-me, envolve-me
No calor do teu corpo,
Que se friccionando no meu,
Me aquece em ondas de prazer,
Que entrando no meu
O fazem transbordar desse líquido
Que de mim nasce,
Misturando-se com o teu,
Que por mim jorra.
Envolve-me, abraça-me,
Deixa-me repousar
A mente e o corpo
No teu, juntos,
Depois de transpirar,
Depois de te amar
E de te a ti me dar.

23/11/12

Lugares assim


E a noite avança com a frescura do ar húmido e do cheiro a Inverno que quase se sente na porta.
Os quase nenhuns passos que quebram o silêncio soam a apressados, rápidos e curtos e, depressa desaparecem arrastando consigo o peso dos casacos que atravessam o frio que as estrelas não conseguem quebrar.
Pela janela vislumbro o calor de lareiras que fervilham e crepitam em labaredas de fumo saindo pelos cumes dos telhados.
Um calor que não chega aqui, que não se sente, que não se vê.
E é tão bom saber que há lugares assim tão perfeitos e cheios desse calor que faz os corpos se abraçarem e as pernas se entrelaçarem.
Um calor que vem de dentro do corpo em forma de um sorriso, de um beijo, de um arrepio na superfície da pele, de um espasmo de corpo inteiro.
Como o que sinto quando te vejo, quando te cheiro, quando o teu sabor me invade o paladar.

E assim o frio em mim nunca chega a entrar...

23/11/12

Calaram-se

Calaram-se para sempre
As memórias que relembro
Sem desejar me recordar
Do que já fomos algures no tempo.
Calaram-se,
Acabaram as ilusões que criei,
Todos os momentos em que te sonhei.
Desejei.
Ansiei.
Calaram-se os momentos
Em que te senti,
Em que os teus lábios se perderam nos meus,
Em que o teu gosto fez parte do meu.
Calaram-se as horas
De vento no rosto
Sentindo o cheiro do teu corpo
Que se entranhava na minha pele
E que comigo ficava.
Calaram-se os gemidos
Gritados,
Contidos,
Ferozes,
Sumidos
No meio de um prazer,
Esse que me entorpece os sentidos
E me faz a ti pertencer.
Calaram-se.
Acabaram-se.
E nunca são esquecidos
Enquanto o meu corpo estremecer
Ao som do teu sorriso no meu ouvido,
Ao toque do teu beijo no meu ombro,
Até amanhã, na hora em que tudo,
De novo,
Contigo revivo!

21/11/12

Cheia de nada


Há dias em que ar me preenche o peito por completo e não quer daqui sair, não quer deixar de em mim existir e eu sinto-me cheia desse nada que me sufoca e não permite respirar.
Um nada que em mim se espalha como um veneno no sangue e que mata a cada ramificação de veias que invade.
E eu morro a cada não respirar como se o mundo desabasse e não existisse mais amanhã, mais futuro, mais caminho para andar.
Apenas esse enorme abismo que é o deixar de respirar e de acreditar que é possível voltar a viver.
A viver no silêncio de noites em luar.
A viver na falta de luz dos dias de céu coberto de nuvens a chorar.
A viver na ausência da tua presença no meu corpo a vibrar, a fazer-me sentir, a fazer-me o sangue girar e o coração a bater e o sorriso a brilhar no meu olhar!
Há dias em que me é impossível deixar de te esquecer. E vives e renasces em mim com toda essa tua força e a ti me fazes, de novo, render...

Percorre

Percorre-me o corpo
Como se fosses meu dono,
Como se a minha pele
E a minha carne te pertencessem.
Percorre-me sem medos,
Sem freios,
Enche-me de pecados,
Comete em mim todos os delitos
Que o corpo aceitar,
Que a minha alma te permitir,
Que a mente desejar.
Percorre-me com a língua,
Molha-me com o teu sabor,
Percorre-me com as mãos,
Abre-me por completo,
E entra-me no ventre,
Dá-me todo o teu saber,
O teu querer,
O teu lamber e o meu prazer,
O teu fazer.

VII Verdade Irrefutável


...É a ti que quero e vou esperar-te. E enquanto não chegas, vou sonhar-te.


Quero-te aqui



Quero-te aqui,
Nesta cama que me acolhe,
Que me guarda o corpo
Nas horas em que dura a noite,
Nos momentos,
Que suspensos,
São longos e lentos,
Onde o teu corpo não aquece o meu.


Quero-te aqui,
Por entre os lençóis
Que me cobrem a pele
Que me lembram o teu toque
Que me alentam sem que te sinta.


Quero-te aqui,
Que substituas os meus dedos,
Que me cubras com os teus,
Que novos caminhos percorras.
Quero ser sempre novidae em ti,
Que me sintas e reconheças o sabor,
Que me desejes da pele o calor,
Que me permitas em ti,
Hoje e sempre,
Sentirmo-nos neste torpor,
De êxtase por cumprir,
De prazer num imediato sentir.


Quero-te aqui,
Para a ti me entregar,
Para por ti me perder,
Para em ti me encontrar
E, sobretudo, re-aprender a viver!

17/11/12

Quero-me tua

Agora que a noite comanda
As horas que são da lua,
Quero-me tua!

Neste quarto em que me dispo
De todos os medos
E os desejos me invadem
O corpo e os pensamentos,
Quero-me tua!

Aqui, na cama onde me deito,
Onde o meu corpo fica pronto
Para te receber os beijos,
Os toques desses teus dedos,
O molhar da tua língua,
Quero-me tua!

Toma-me o corpo,
A alma,
E faz-me tua.
Prova-me a boca,
Salga-me a pele de gotas
Que se misturam
Entre a minha e a tua,
Num ritmo que nos alucina.
Abranda,
Olha-me nos olhos,
Lê-me a entrega completa,
O suplicar de um não querer parar
De te sentir,
De te ter,
De em mim te receber
E faz-me tua!
De forma lenta e amada,
De forma louca e desvairada,
Pertenço-te, não me negues nada,
Pois tudo és tudo o que quero
E eu,
Quero-me tua!


O fim

Um dia tudo chegará ao fim. Não há nada eterno, que dure sem acabar nunca.
E eu terei um fim.
Um fim que se vai anunciando na vã esperança de nunca se terminar.
Que se vai denunciando nos pequenos gestos que deixam de ser rotina, que deixam de ser hábito e não se apercebem.
Uma espécie de grito de alerta com novos sons e novas palavras muitas vezes apenas sussurradas e que não são percebidas, notadas, reparadas.
Tudo na tentativa de que esse fim que se espera não chegue a chegar, não tenha de se enfrentar.
O fim é algo que nunca se deseja.
É o acabar da esperança.
É o acabar dos sonhos que tentamos e, por vezes, conseguimos realizar.
E os anunciados, os esperados e gritados são os piores de todos os fins. São os que nascem em nós. São os que crescem de uma lacuna que não vemos preenchida.
E há que dizer adeus.
Terminar. Concluir. Abandonar.
E tudo isto implica dor.
Dor no sentir, na decisão e no viver a seguir.
O fim é quase sempre sinal de frustração.
Quase sempre.
Mas há fins que acontecem porque embarcamos em novos mares, sedentos de outros sabores e levados em novas correntes com destinos desconhecidos e aliciantes.
E eu desejo que, na inevitabilidade do fim, todos, mas todos os meus fins sejam assim, por me inundar de mais e sempre melhores sonhos!

14/11/12

O futuro

O dia termina com o habitual cansaço desses dias que apenas passam e nos saturam mais que quaisquer outros.
O corpo rende-se a essa entrega de vida que se escorre e nos faz perder a alma.
Escorre-se de nós, como se passasse por entre os dedos como fina areia que por si só é nada e que aglomerada é mais forte que qualquer castelo que facilmente se desmorona.
E o quarto é a minha cela, confinando-me entre paredes quebradas por essa janela que deixa entrar o frio das vozes vazias em conversas sem nexo, sem sentido.
Como estes dias que tenho vivido em que por muito que tente encontrar o caminho a lua não brilha apesar das estrelas e o sol não me aquece apesar do azul do céu.
Há horas em que decidimos que temos de decidir. O agora. O futuro.
E tal como a roupa que agora dispo, despir-me dos momentos que já foram, que já passaram, que ainda aqui moram mas que não têm amanhã.
Há dias em que o cansaço nos obriga a melhorar, a mudar, a transformar e a avançar sem medos de poder errar.

13/11/12