E o céu chora do outro lado da janela, sob o ritmo compassado das horas feitas madrugada de um dia que tarda em chegar.
Pingos de água que lavam as folhas amarelo dourado de carvalhos e plátanos que carregam o suave pó de um Verão que não deixou marcas visíveis ao olhar dos outros.
Gotas que núvens negras libertam aliviando a dor de um céu que é constante e perfeito nas suas cores e tempos.
Chegou a hora de, tal como nesse azul imenso, me libertar das dores de um nunca ter, de um jamais sentir, de uma incapaz partilha e por mim, pelo meu querer respirar sem me sufocar, vou de ti me largar.
Vou misturar-me as lágrimas de sal com as que caiem de cima de mim num corpo que se entrega e rende ao ritmo desse cair.
Vou abrir-me a alma e deixar entrar esse rio que vem para me lavar.
Vou de ti me purgar, desintoxicar e este sentir fazer terminar.
E esperar que ao mesmo tempo que o céu deixe de chorar, eu o possa olhar e por fim, a viver recomeçar.
E esperar que ao mesmo tempo que o céu deixe de chorar, eu o possa olhar e por fim, a viver recomeçar.
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