sexta-feira, 24 de maio de 2013

No fim



É no fim que tudo se inicia, começa.

Naquele preciso momento em que o delírio já não comanda.
Em que o corpo já não se sente.
Em que a mente desperta desse torpor com odor a sorriso, a felicidade.
Naquele preciso minuto em que a Alma regressa à consciência do que a envolve.
Do lençol de cetim que cobre a pele e não a aquece.
Da água do duche que caiu e já não se ouve.
Da porta que se bateu e fechou, deixando incólume o corpo que descansa.

Naquele preciso instante em que urge fugir das memórias demasiado frescas e marcadas no sabor que invade o paladar.
No toque longitudinal que se nota na pele como se fossem trilhos de dedos que amam.
No odor que se sente no vento que serpenteia pelo cabelo que se teve nas mãos.

Naquele preciso segundo em que só a saudade tem lugar.
Em que a dor do afastamento invade cada espaço aparentemente vazio.
Em que o chorar cai dos meus olhos sem eu o autorizar.

E é no fim que tudo se inicia, (re)começa.



23.Mai.13

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