O dia perdeu já as suas cores de luz e de sol, de
vermelhos dourados de um Outono no fim e o frio aumenta o seu reino nas ruas
quase vazias de corpos que se cruzam a caminho de casa.
O rio liberta-se em pequenas ondas como se os barcos
ainda o trespassassem no vai-e-vem constante de risos e máquinas que clicam a
cada nova curva do seu percurso.
E eu detenho-me perante a oportunidade de ver o correr
constantemente inconstante das suas marés, enchendo e esvaziando como se fosse
um coração bombando a um ritmo de horas e que dá e recebe, e volta a dar e a
receber.
É como se o seu correr fosse igual ao meu, como se em mim
fluíssem todas as águas deste rio e me invadissem corpo e alma por inteiro.
Como se me soubesse.
Como se me conhecesse.
E há um arrepio que me invade a pele como quando me dispo
e sei que me olhas, que me deixa na expectativa da forma como me abordas: se me
abraças ternamente ou se beijas ardente e apaixonadamente.
Aquele arrepio que nos toca a pele e eleva a alma, que
nos conhece por inteiro e sabe o que nos dá prazer e que a cada novo toque, a
cada novo beijo, a cada novo sussurro, nos consegue surpreender.
E é a ti que este rio me recorda a toda a hora.
11/Dez/2012
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