terça-feira, 30 de abril de 2013

Ânsia



Há uma ânsia crescente em mim,
Que me denuncia a vontade,
Pelo olhar que te pousa na pele,
Pela boca que se entreabre
No desejo de em ti mergulhar.
Um querer que se expressa
Sem sons ou palavras,
Apenas um perceber
Que se sente no ondular
De cada um dos meus passos.
Uma entrega antes de me dar,
De me entregar aos teus desejos,
De me deixar subjugar aos teus caprichos,
De me te dar sem limites ou medos,
De seres e existires em mim,
Sem precedentes,
Desde sempre.
 

28.Abr.13

Desperto


E o Domingo inicia de forma lenta e lânguida como o corpo que agora desperta.
Na janela pardais disputam folhas e pequenos ramos de arbustos para aconchegarem os ninhos que vão construindo e as gaivotas vão sobrevoando os telhados dos prédios vizinhos e param, olhando sem questionar a azáfama dos ramos das árvores ondulando ao sabor do vento.
Hoje não há risos de crianças na rua, nem passos céleres nas pedras da calçada.
Hoje, quase todos parecem dormir ou deixar-se levar por este estranho silêncio de pessoas, talvez não o querendo perturbar ou apenas o desejam contemplar.
Aqui, a manhã vai já alta sem esperar ou se preocupar com o ritmo vergonhosamente desacelerado do meu acordar, numa evidente ausência de vontade em querer daqui sair.
Uma inércia apodera-se do meu ser acompanhada das memórias que me invadem os dias. Recordações gravadas tanto na Alma como na pele, tanto no paladar como no cheiro, tanto nas palavras sussurradas como nos beijos que nos selam as bocas.
E o corpo desperta agora, ao ritmo dos meus dedos deslizando em mim, imaginando os teus...
 
28.Abr.13